A fila anda! Mas isso é bom para quem?

Analogia revela como brasileiro enxerga sua vida amorosa

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“A fila anda, a catraca gira. Se sentiu saudade, volta para o fim da fila”. Esse é um dos versos populares espalhados pela internet que revelam como muitos brasileiros enxergam sua vida amorosa: uma fila, que, como tal, precisa andar.

Exemplificando: um site especializado em relacionamentos extraconjugais realizou uma pesquisa sobre o número de parceiros sexuais do brasileiro. O resultado é que até os 30 anos cada brasileiro tem, em média 20 parceiros sexuais!

O resultado desse excesso de relacionamentos se reflete na pesquisa Mosaico 2.0, realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Esse estudo afirma que, para 47,8% das mulheres, a primeira relação sexual foi pior do que imaginavam ou foi muito ruim. Assim como para 36,4% dos homens.

Ademais, 44,4% das mulheres afirmaram dificuldade em ter prazer durante o sexo ou baixo grau de desejo. Entre os homens, esse número é de 30,9%.

De fato, a fila está andando. Mas quantas pessoas estão felizes com isso?

Quem fica feliz por pegar fila?

No banco, no hospital, no supermercado, no cinema, no congestionamento… As filas estão por toda parte e ninguém gosta de estar nelas. Mas, quando o assunto é vida amorosa, muitos falam como se fosse positivo estar em uma fila.

“Ninguém gosta de fila, então por que no relacionamento tomou uma conotação como se fosse glamorosa?”, questionou o escritor Renato Cardoso, durante o programa The Love School, do último sábado (16). “Não é um bom negócio para ninguém. Nem para quem está na fila nem para quem tem uma fila à sua frente”.

O escritor explica que, pela lógica, se você está na fila de alguém, vai ficar apenas com “o resto”. Antes de você chegar à pessoa desejada, outros vão passar por ela, vão se aproveitar e deixar apenas o que não querem mais. E, na sua vez, ainda tem gente na fila querendo que você tenha pressa.

Por outro lado, se você é a pessoa com a qual a fila quer ficar, cada um vai pegar um pedacinho de você.

“Parece que as pessoas são recicláveis. Porque quando você fala de fila, que a fila está andando, que a fila andou, parece que não tem problema nenhum em você passar na mão de qualquer pessoa, ser levado para casa”, afirma a escritora Cristiane Cardoso, autora do livro “Namoro Blindado – O Seu Relacionamento À Prova de Coração Partido”.

“A impressão que dá é que o relacionamento com ela não tem muito valor, o importante é ficar passando na mão de todo mundo.”

O que fazer?

Livre-se da fila! Se não é bom pegar fila no SUS, claramente também não é bom pegar fila para namorar alguém. Tampouco pode ser bom se entregar a uma fila inteira de pessoas que só querem se aproveitar um pouco de você e passar a vez para o próximo.

O melhor a se fazer é esquecer qualquer relacionamento que se pareça com uma fila, como explica Cristiane:

“O que você tem que fazer é conhecer uma pessoa. Avaliar se ela merece um relacionamento com você. E, se merecer, você entra no relacionamento, namora, noiva e casa”.

Para aprender essa e outras lições sobre relacionamentos, participe da Terapia do Amor, que acontece todas as quintas-feiras, na Universal. Clique aqui e descubra o endereço mais próximo de você.

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Colaborador

Andre Batista / Foto: Getty Images