A educação financeira começa na infância

Aprender a lidar com o dinheiro pode prevenir dívidas e proporcionar um futuro próspero

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Falar de dinheiro para muitos é uma grande dificuldade. Isso porque o recurso está em falta e as dívidas se multiplicam na maioria das famílias brasileiras. Só para se ter uma ideia, um levantamento realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) revelou que 62,7% das famílias paulistanas possuem algum tipo de dívida, o que equivale a 2,49 milhões de lares.

A principal razão do endividamento continua sendo o cartão de crédito (78,3%), seguido pelos carnês (14,4%). O levantamento ainda aponta que 19,2% das famílias estão inadimplentes, ou seja, com dívidas em atraso, e 8,6% relatam que não têm recursos para quitar suas dívidas.

O cenário é preocupante, mas a solução dele – pelo menos a longo prazo – está nas crianças. E não se trata de trabalho infantil, mas da educação financeira durante essa fase da vida.

“Lidar com as finanças é um assunto importante para qualquer pessoa, independentemente de profissão ou classe social. Como falar de finanças significa construir hábitos, é exatamente na infância que a orientação deve começar”, recomenda a educadora financeira Teresa Tayra.

De acordo com ela, o Brasil está começando a amadurecer em relação ao tema, que foi incluído na base nacional comum curricular. Isso significa que ele será abordado com os alunos.

“O desafio é grande, pois os profissionais de educação não o estudaram em sua formação, mas o primeiro passo foi dado. O brasileiro é um investidor conservador não por opção, mas por falta de conhecimento. Nos Estados Unidos, por exemplo, ser investidor em bolsa faz parte da educação”, cita.

Entre os países que mais se destacam no ranking de educação financeira de jovens estão Estônia, Canadá, Finlândia, Polônia, Austrália e Estados Unidos. O Brasil consta na 17a. colocação na lista de 20 países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em seu relatório trienal divulgado em 2018.

A falta de investimento no setor educacional e de estímulo para o aprendizado sobre finanças se reflete na sociedade como um todo. Hoje, em razão dos reflexos da pandemia na economia, é possível perceber um elevado número de pessoas com muitas despesas e poucos recursos para quitá-las. Contudo esse cenário de dificuldade não é de hoje.

Ele já faz parte da realidade do brasileiro há anos e se repete de geração em geração.

Para colocar um fim nesse círculo vicioso é preciso investir em educação financeira. “Para que possamos pensar em uma geração mais sustentável financeira, ambiental e socialmente, é preciso que ela tenha informações na base e, para isso, é necessário estabelecer uma parceria entre escola e família. Esses são os ambientes onde a criança constrói seus hábitos”, comenta Teresa.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Arte: Edi Edson