A conduta que um político deve ter

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O município de Camaçari fica a 46 quilômetros de Salvador, na Bahia. Com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 297 mil pessoas, a cidade é conhecida graças ao polo industrial que possui. Contudo, não foi esse atributo que chamou a atenção da imprensa e das redes sociais para o município nas últimas semanas. A cidade tornou-se notícia por causa de uma denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA) de irregularidades cometidas na Câmara Municipal.

De acordo com o órgão, os vereadores aprovaram, em 2017, uma lei que aumentava os seus salários em R$ 2.578,45, mas o pagamento dos novos valores havia sido suspenso por decisão judicial. Entretanto, por meio de uma manobra, os legisladores da Câmara exoneraram servidores comissionados e os nomearam, no mesmo dia, com salários maiores, para que esses funcionários repassassem cerca de 80% do valor para eles.

Segundo o promotor de Justiça Everardo Yunes, após investigação realizada pelo MP-BA, foi constatada que a diferença salarial de cada um dos assessores parlamentares era repassada para o respectivo vereador e que o valor total chegou a R$ 489.200,60.

“O mais incrível e inacreditável foi que a diferença entre os salários desses servidores, antes e depois da exoneração, corresponde, de forma bem intrigante pela proximidade, aos valores que os vereadores receberiam se o aumento previsto pela Lei 1473/2017 não tivesse sido impedido por decisão judicial”, disse o promotor na denúncia.

Apenas um

Dos 21 vereadores que compõem o quadro legislativo da Câmara de Camaçari, apenas um deles não foi denunciado: Jair Costa (PRB), conhecido como Bispo Jair.

Discreto, ele relutou, mas aceitou conceder entrevista com exclusividade à Folha Universal. Às vésperas de completar 71 anos, Jair afirma que tem sido parabenizado pelas pessoas na rua. “Não tenho pretensão nenhuma de aparecer pelo fato de ser honesto. As pessoas, principalmente da Igreja, veem com alegria minha atitude. Elas me cumprimentam pela conduta. Eu agradeço e falo apenas que sigo a direção de Deus na minha vida”, afirma.

Deus manda

Nascido no bairro da Abolição, no Rio de Janeiro, ele conta que passou a frequentar a Universal nos anos iniciais da Igreja. “Me formei no Senai e trabalhava na General Electric. Eu frequentava a Igreja em Copacabana e fui me aprofundando na fé. Fui obreiro e depois pastor. Já passei por alguns Estados brasileiros, como Ceará e Paraíba. O nosso paradeiro é onde Deus mandar”, avalia.

Vida política

“Fui suplente por duas vezes, mas acabei assumindo os mandatos em Camaçari quando os eleitos se licenciaram. Depois consegui me eleger e esse é o meu segundo mandato eleito. Eu peço sempre para Deus me manter humilde e para que eu seja instrumento na mão dEle”, observa.

Exemplo

Diante do atual momento político, histórias como a de Jair são bem-vindas, pois nos dão a esperança de que ainda é possível acreditar na conduta das pessoas, mesmo em tempos difíceis. Apesar de o senso comum defender que “político é sinônimo de corrupto”, Jair nos mostra o contrário. Ele é uma exceção, já que conduz a sua vida pública com honestidade e idoneidade. De certa forma, Jair nos orienta a como dirigir as nossas vidas, sem querer aparecer ou dar ouvidos à fama, apenas mantendo a boa conduta sob os olhos de Deus.

O exemplo dele também serve para que saibamos avaliar e escolher nossos candidatos nas próximas eleições. Você lembra em qual vereador votou nas últimas eleições? Lembrou de exigir dele o cumprimento de todas as promessas de campanha? Essa também é uma regra que deve ser observada e colocada em prática por todos nós.

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Colaborador

Por Eduardo Prestes/ Foto: Câmara de vereadores de Camaçari / Heriks Trabuco