A ansiedade faz parte do seu cotidiano?

Pense bem antes de responder à pergunta acima. O transtorno de ansiedade pode comprometer sua saúde. Confira quais sinais mostram que a sua preocupação se tornou excessiva

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O excesso de preocupações começou a afetar a vida de Bruna Vieira Candido (foto ao lado), de 22 anos, em 2014. O primeiro problema do ano foi um desentendimento com o pai, o que a deixou incomodada. Ela também se sentia angustiada com a situação da mãe, que enfrentava dificuldades para pagar as dívidas geradas por um antigo negócio.

“Meus pais estavam a ponto de se separar, foram acontecendo várias coisas e minha mãe me contava todos os problemas”, diz. Bruna explica que as tensões foram aumentando e o desespero e a insegurança dela também. “Todo dia tínhamos brigas dentro de casa”, relembra.

Para agravar ainda mais a situação, o pai e o irmão de Bruna ficaram desempregados. “Eu me vi na responsabilidade de pagar as contas de casa e isso me preocupava demais”, afirma ela, que passou a ter dificuldades para se concentrar e para dormir.

Problemas físicos

A ansiedade de Bruna gerou outros problemas, como falta de ar e dores no estômago. “Comecei a ficar com a imunidade baixa e aí veio a sinusite. Passava mal no trabalho e sempre ia para o hospital.” Ela começou a tomar remédios para combater uma bactéria no estômago. “O médico disse que era crise de ansiedade. Ele perguntou se minha rotina era muito estressante e falou que eu tinha que me acalmar.”

Os problemas também se estendiam à vida sentimental e Bruna terminou o namoro. O ponto mais crítico foi quando ela recebeu a notícia da demissão. “Minha vida virou um caos. Era como se estivesse em um quarto sem porta”, analisa.

Um mal que atinge a sociedade

Os pensamentos e sintomas vivenciados por Bruna estão relacionados à ansiedade, problema que já atinge 9,3% dos brasileiros, número três vezes maior do que a média mundial, que é de 3,6%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil é o País com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo.

Além de gerar problemas de saúde e comprometer a qualidade de vida do indivíduo, o problema também provoca danos para toda a sociedade. A OMS estima que, a cada ano, as consequências dos transtornos mentais gerem perda econômica de US$ 1 trilhão no mundo todo.

Em geral, a ansiedade surge quando precisamos enfrentar alguma situação nova ou que gere uma ameaça, real ou imaginária, explica o médico e psicólogo Roberto Debski, diretor da Clínica Ser Integral, de Santos (SP). Ele pondera que, em nível adequado, a ansiedade “nos mobiliza e ajuda a enfrentar a situação”. O problema é quando ela se torna muito intensa e crônica.

“A ansiedade varia em graus, desde o sintoma comum a todos até as formas incapacitantes de transtorno de ansiedade e de pânico.” De acordo com o especialista, pessoas ansiosas apresentam inquietude, medos, preocupações e pensamentos repetitivos nos assuntos que causam a ansiedade. “Quando a pessoa não encontra maneiras de lidar com as preocupações, ela pode se tornar insegura, temerosa e seus sintomas vão aumentar, agravando o caso até que a situação se torne intensa e incapacitante”, alerta. “A ansiedade pode desencadear outros transtornos, como a hipertensão arterial, alterações do sono e da sexualidade e doenças psicossomáticas, como a gastrite e a colite.”

A virada de Bruna

Depois de vários meses sofrendo de ansiedade, Bruna começou a pedir conselhos de amigos e parentes. “Queria resolver a situação logo, estava angustiada.” Ela já havia conseguido outro emprego, mas a ansiedade não passava. No fim de 2014, Bruna buscou a fé para se fortalecer. “Procurei o pastor da minha igreja e ele me falou que sozinha eu não resolveria todos os problemas da minha família. Percebi que tinha que resolver a situação dentro de mim”, relembra. “Busquei o grupo Godllywood (grupo da Universal que realiza reuniões e atividades focadas na valorização da mulher) e comecei a fazer as tarefas sugeridas. Mudei meu foco, deixei de pensar só em problemas e fortaleci minha fé”, acrescenta.

No início de 2015, ela conta que fez um planejamento mensal do que faria durante aquele ano. Foi o pulo do gato para manter o foco, garante. “Hoje consigo enxergar os problemas como uma oportunidade de me aproximar mais ainda de Deus”, conclui.

Pressões

A ansiedade pode estar relacionada a diversos fatores. Problemas econômicos, mudanças sociais e traumas de infância mal resolvidos podem estar ligados ao excesso de ansiedade, como explica a psicóloga Fernanda de Albuquerque Fontes, do Rio de Janeiro (RJ). “Hoje a ansiedade é muito comum entre pessoas de 18 a 30 anos, até porque existe muita competitividade no mercado, há muitos jovens desempregados e isso gera preocupação. Conforme a tecnologia avança, o mundo exige que as pessoas façam cada vez mais coisas ao mesmo tempo. Também existe a preocupação com a autoimagem e os likes nas redes sociais”, avalia.

A psicóloga diz que é importante dar atenção aos sinais do corpo que mostram que algo não está bem. “Os primeiros sinais surgem quando a pessoa não consegue dormir, tem uma angústia que não sabe de onde vem e começa a passar por um sofrimento psicológico muito grande. Muitos pensam que é besteira, mas a saúde mental rege todo o corpo. Se a mente não está bem, o corpo vai adoecer. Por isso, é importante procurar um especialista”, afirma a psicóloga.

Como resolver?

A solução para a ansiedade é encontrar equilíbrio nas atividades do dia a dia. Em meio às pressões, cada pessoa deve estar atenta aos próprios pensamentos, sensações e atitudes para identificar possíveis problemas antes que eles tomem conta da mente e do corpo.

“Se a pessoa tem sintomas de ansiedade, ela precisa identificar que aquilo não é normal e que ela precisa fazer uma mudança. Hoje, existem faculdades que oferecem tratamento psicológico gratuito. Durante as crises de ansiedade, é importante respirar fundo e lentamente, tomar água, evitar ficar sozinho e buscar apoio de familiares e amigos”, recomenda Fernanda de Albuquerque Fontes.

Roberto Debski lembra que mudanças no estilo de vida, como as que Bruna fez, aceleram os resultados. “Atividade física regular, alimentação natural e balanceada, sono saudável e reparador, mudanças de hábitos, hobbies e atividades sociais transformam a maneira como as pessoas vivenciam seu dia a dia e trazem mais saúde, bem-estar e qualidade de vida”, conclui.

O especialista ainda recomenda psicoterapia, técnicas de respiração e opções de medicina complementar já oferecidas pelo Sistema Único de Saúde brasileiro, como acupuntura, homeopatia e medicamentos fitoterápicos, que devem ser prescritos por um especialista.

Acometido na juventude

A ansiedade acompanhou boa parte da vida de Leandro Rodrigues (foto ao lado), de 32 anos. Aos 11 anos, o excesso de preocupação surgia até em atividades de lazer. “Quando ia jogar bola, o coração pulsava forte e eu não atuava bem.”

A preocupação afetava sua rotina diária e também os seus relacionamentos. “Eu tinha muita pressa, não dormia bem, estava sempre preocupado, nervoso, não comia direito”, diz. Leandro se casou aos 16 anos e teve um filho aos 18 anos, mas se separou logo depois.

Ele também perdeu oportunidades de trabalho por causa da ansiedade. “Eu ia mal em entrevistas, gaguejava.” Para tentar aliviar o problema, ele chegou a abusar do álcool.

Aos 22 anos, Leandro buscou a fé para combater a ansiedade. “A Bíblia fala que a gente não deve andar ansioso pela nossa vida.” Aos poucos, ele conta que aprendeu a ter mais paciência e equilíbrio. “Mudei minha forma de pensar, meu comportamento.”

Hoje, ele participa do grupo Força Jovem Universal, trabalha e tem tempo para ficar com a esposa, Daiane. “Antes eu tinha um vazio no coração, mas ele foi preenchido pelo Senhor Jesus. Não me preocupo mais”, finaliza.

Preocupação com o trabalho

Michele Aragão Dutra de Macedo (foto ao lado), de 25 anos, costumava colocar todas as suas energias no trabalho. “As pressões me deixavam estressada, eu ficava muito ansiosa com o dia de amanhã. Perdia o foco de outras coisas”, relembra.

O trabalho era a parte mais importante de seu dia, mas a crença desmoronou quando Michele perdeu o emprego.

“Eu não estava confiando em Deus e fui acumulando muitas coisas. Sentia mágoa do meu ex-chefe, queria fazer faculdade e ficava pensando em como pagaria”, detalha. Por causa da ansiedade, ela passava as noites acordada e não saía de casa.

Quando a situação ficou insustentável, ela buscou ajuda no Godllywood. “Percebi que estava com o coração no lugar errado. Com as tarefas do grupo, mudei meus hábitos. Passei a orar antes de dormir, comecei a acordar cedo e a focar no que eu queria. Decidi estudar em casa e procuro ocupar minha mente.”

Ela ainda redescobriu a pintura, um antigo hobby. “Depois da crise de ansiedade, foquei na pintura. Criei um site e consegui até divulgação em um programa de TV”, detalha ela, que hoje atua como artista plástica.

As contas tiravam seu sono

Durante cinco meses, a empresária Bruna Andrade (foto ao lado), de 23 anos, sofreu com falta de ar e sensação de sufocamento. No início, ela não deu muita importância. Depois, percebeu que os sintomas apareciam sempre que ela pensava nas contas atrasadas. “Eu ficava agoniada e sem fôlego, suando frio e o coração palpitava muito rápido”, conta. “Meu marido estava preocupado, pois eu sempre acordava no susto”, afirma ela, que tem um filho de 1 ano.

Bruna foi ao médico e, depois de algumas perguntas e exames, recebeu o diagnóstico: estava com crise de ansiedade. “Eu pensei: ‘não vou deixar isso me controlar’. Quando vinha a crise, começava a pensar em outras coisas, pedia a ajuda de Deus e respirava mais fundo. Imaginava que a situação já estava sendo resolvida”, detalha.

A prática da respiração profunda e as orações ajudaram Bruna a recobrar a tranquilidade. “Descobri que não poderia resolver as coisas se estivesse desesperada”, diz. Ela encontrou na confeitaria uma nova atividade de trabalho e forma de quitar as dívidas.

A diferença após o Jejum de Daniel

Um relacionamento de altos e baixos levou Geiza Jesus dos Santos (foto ao lado), de 22 anos, a ter uma crise de ansiedade em 2014. “Os primeiros dois meses de namoro foram muito bons, mas depois a gente terminava quase toda semana. Fiquei ansiosa e comecei a evitar os amigos”, lembra. Após o fim do namoro, ela conta que a angústia aumentou. “Não conseguia dormir, sentia um medo misturado com a falta da pessoa. Comecei a ter fortes dores no corpo, pensava em morrer.”

Geiza deixou o trabalho e faltava na escola. “Fiquei cada vez mais triste, sem perspectiva.” Ela passava o dia no quarto e várias horas nas redes sociais. “Ouvia músicas melancólicas e entrava no Facebook para ver o perfil do meu ex-namorado.”

Um dia, ela ouviu algo diferente no rádio. “Alguém mudou de estação e ouvi o programa The Love School.Parecia que estavam falando comigo. Depois, escutei o anúncio do Jejum de Daniel e resolvi fazer.”

O Jejum propõe que as pessoas evitem o excesso de informações e busquem uma aproximação com Deus. Geiza aceitou o desafio. “Desliguei o celular e deixei na casa da minha tia, ele ficou 16 dias desligado. Fazia orações e participava do grupo de jovens da Universal. Comecei a sair de casa para ajudar outras pessoas e a inquietação foi diminuindo.” Após um mês, a insônia desapareceu. Aos poucos, Geiza aprendeu a controlar a ansiedade. “Hoje, faço faculdade, trabalho, não imaginava que tinha tanto potencial.”

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Colaborador

Por Rê Campbell / Fotos: Fotolia, Demetrio Koch e Marcelo Alves / Arte: Edi Edson