thumb do blog Cristiane Cardoso
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A minha "melhor" amiga

Confira mais uma parte da história de Cristiane Cardoso

Imagem de capa - A minha "melhor" amiga

Foi na escola que descobri que era boba. Na época, não tinha noção do quanto, mas já me sentia usada e achava que isso era ser amiga. Fiz minha primeira amizade, a Ana Beatriz, que na época, achava que era a minha melhor amiga.

Ela era muito esperta e eu fazia tudo o que ela me pedia para fazer, inclusive, esconder o meu dinheiro da merenda entre as pedras para depois ir procurar, não achar mais e passar fome no recreio. Mesmo assim, achava ela o máximo. Hoje, quando tento ver o porquê a achava assim, não consigo nem explicar …

Eu gostava tanto dela, que decidi colocar o nome dela na minha primeira filha que eu teria, algo que acabei nunca tendo.

Enquanto eu tinha uma “amiga” da onça, a Vivi não tinha ninguém e isso me incomodava bastante. Ela era do jardim da infância e eu só podia vê-la do outro lado do muro.

Lembro-me de, um dia, me desesperar ao ver a Vivi no pátio, no meio do quadrado de areia, chorando, enquanto as crianças jogavam areia na cara dela. Quando me dei por mim, já estava ameaçando a todos “vocês vão se ver comigo!”.

Foi só o sino tocar, que fui atrás de um deles que, todo mansinho, veio me dizer que já tinha pedido perdão a ela. Fechei a cara e disse: “ai de você se maltratar a minha irmã de novo”.

Sinceramente, nem sei o que quis dizer com aquilo, nunca bati em outra criança, nem sabia brigar direito, só sei que a encenação funcionou.

Minha melhor amiga não era aquela Ana Beatriz, que me roubava o dinheiro da merenda e não se importava nem um pouco com o que acontecia com a minha irmã. Minha melhor amiga era minha irmã, que só tinha eu de amiga.

Toda vez que eu não fazia o que aquela colega pedia, ela ficava de mal comigo. Toda vez que eu não fazia o que a Vivi me pedia, a gente brigava, mas a gente nunca deixava de ser amiga, nem irmã.

Mas eu não tinha maturidade para entender isso na época, e acabava supervalorizando uma amizade que só servia para uma de nós.

Continua…

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Colaborador

Cristiane Cardoso / Foto: Arquivo Pessoal