Como nascem as vítimas

Muitas mulheres sofrem com a "síndrome de coitadinha". Com pena de si mesmas, como em uma areia movediça, se afundam ainda mais na condição em que vivem

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Toda coitadinha. É assim que muitas mulheres se veem e, por meio de suas atitudes, perpetuam esse estereótipo atribuído por elas mesmas – muito mais do que por causa das más circunstâncias em que vivem.

A mulher que encarna esse papel tem as mesmas falas na ponta da língua: repete que a vida é injusta, que ninguém a entende, que se tivesse isso ou aquilo seria diferente, que não tem culpa de nada e que não queria ser dessa forma. Refém dessa “síndrome de coitadinha”, como em uma areia movediça, ela se afunda mais na própria condição e não percebe que o que precisa não são ouvidos dispostos a escutar sua história, mas de uma ajuda que deve começar dentro dela mesma.

HISTÓRICO
Toda pessoa vive alguma experiência que exige que supere alguma limitação. E, quando ela não faz isso, nasce a vitimização. Diante de uma dificuldade, ela sente autocomiseração e, inevitavelmente, caça culpados, em vez de reagir positivamente.

A palestrante Cristiane Cardoso observa algumas causas desse comportamento. Ela diz que muitas mulheres cresceram em um lar desestruturado, sofreram abusos, agressões e outras situações negativas na infância e, por isso, cresceram se considerando vítimas do passado. “Elas (realmente) foram vítimas: não tiveram culpa, mas começam a ter comportamentos, a tomar decisões na vida, a querer se vingar ou fazer tudo errado. Culpam até a Deus. Hoje, são vítimas de si mesmas”, pondera.

Cristiane diz o que acontece com a mulher que se considera coitadinha: “quando você se vê como vítima, pensa que não pode mudar nada porque é vítima do que aconteceu”. E aconselha: “se você quer mudar sua vida, tem que parar de fazer isso consigo mesma. Hoje, você colhe o que semeou de decisões que adotou até aqui. A boa notícia é que você pode parar de tomar decisões erradas e mudar”.

DÓ-RÉ-MI
A primeira mulher que se considerou coitadinha na história da Humanidade foi Eva, como descrito no texto bíblico: “E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.” (Gênesis 3.13). Essas palavras ditas por Eva a Deus, provavelmente, eram as que ela deve ter repetido a si mesma para tentar amenizar a culpa pelos seus atos. Por mais que a influência para aquela atitude tivesse sido exercida pela serpente, foram os olhos de Eva que a seduziram para o pecado: “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer (…); tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido (…).” (Gênesis 3.6).

Já reparou que as mulheres que se fazem de vítima são as que mais sofrem? Se elas focassem na solução dos problemas será que deixariam de lado esse papel? Enquanto o mundo estipular “vítimas da própria sorte”, das injustiças sociais e raciais e da opressão do patriarcado sobre a mulher, por exemplo, criará mulheres vulneráveis e dependentes de um discurso que só as inferioriza mais.

Contudo o encontro com Deus garante a você uma nova identidade: o passado deixa de machucá-la, pois sua mente é transformada por

Ele. Então, busque isso. Você passará a ter amor-próprio e experimentará a força e a sabedoria que vêm do Altíssimo.

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Colaborador

Flavia Francellino / Foto: getty images