Síndrome de burnout entra na lista de doenças da OMS

Problemas no trabalho podem levar a esgotamento profissional. Saiba mais sobre essa síndrome

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Cansaço excessivo, irritação e esgotamento mental. Durante muito tempo, esses sintomas acompanharam o empresário mineiro Marcelo Junior, de 36 anos (foto abaixo). Ele conta que a preocupação exagerada com o trabalho o levou a um desequilíbrio. “Minha filosofia era lucro acima de tudo. Achava que tudo tinha que dar retorno financeiro, era viciado em trabalho. Chegava a trabalhar 24 horas, até 48 horas seguidas”, lembra.

No início, o excesso de trabalho gerou retornos, mas logo a situação se inverteu. “Eu conseguia resolver muitas coisas em um prazo curto de tempo. Porém, me sentia cada vez mais cansado e irritado. Com a mente cansada, deixei de enxergar coisas óbvias, como a importância de tratar bem as pessoas. Entrei em parafuso, queria resolver tudo com a força do braço.”

O estresse causou vários problemas. “O esgotamento afetou meu casamento e comecei a ficar irritado com meu filho. Dormia e acordava cansado. Além disso, fiquei desmotivado com o trabalho”, diz. Cansado e sem ânimo, Marcelo teve queda na produtividade, o que afetou os lucros de sua empresa e deu origem a dívidas.

Burnout
Marcelo teve sintomas da síndrome de burnout, causada pelo nível exagerado de estresse relacionado ao trabalho. O esgotamento profissional é tão comum atualmente que a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que vai incluir a síndrome na próxima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID). Ela passa a valer a partir de 2022.

Para a psicóloga Mônica Bayeh, o reconhecimento dessa síndrome é importante para as pessoas buscarem tratamento adequado. “Muitas pessoas estão adoecendo, mas não percebem que a causa é o excesso de trabalho. A falta de limites no tempo de trabalho, a alta competitividade e as pressões excessivas de superiores são prejudiciais à saúde.”

No Brasil, 72% dos profissionais que estão no mercado de trabalho sofrem alguma sequela relacionada ao estresse. Desses, 32% sofreriam de burnout, segundo estudo da Isma-BR, representante da International Stress Management Association.

Sinais e tratamento
Os sintomas incluem esgotamento físico e mental, cinismo, insatisfação, insegurança e sentimentos negativos relacionados ao trabalho. “É como se a pessoa fosse murchando. A criatividade e a energia diminuem e o cansaço aumenta. Podem haver dores estomacais. A síndrome afeta o apetite, o sono, a pessoa dorme demais ou de menos e pode levar à depressão. A tensão muscular dá origem a dores no corpo e de cabeça”, diz Mônica. Se não for tratada, pode levar ao afastamento temporário do trabalho e prejuízos à saúde mental. “É como se fosse uma panela de pressão com válvula que não funciona. Uma hora vai explodir”, exemplifica a psicóloga.

Para evitar uma explosão, o primeiro passo é identificar as causas das insatisfações. “É preciso perceber as angústias, as dificuldades, as situações que causam estresse e ir resolvendo aos poucos, ensina Mônica.

Mudança
Para superar o esgotamento, Marcelo Junior encontrou apoio nas reuniões da Nação dos 318 na Catedral da Universal em Belo Horizonte, em Minas Gerais. Nas palestras voltadas para empreendedores, ele aprendeu a importância de reequilibrar a rotina. “Sentei com a minha esposa para discutir vários assuntos, como a nossa atenção para as áreas espiritual, familiar e financeira. As reuniões mudaram minha forma de pensar. Comecei a praticar coisas óbvias, como valorizar a mão de obra, tratar bem os clientes e prezar pelo crescimento coletivo.”

Aos poucos, os problemas começaram a ser resolvidos. O tempo de trabalho também foi limitado. “Esse equilíbrio proporcionou nosso crescimento espiritual e o fortalecimento da relação familiar e frutificou para todas as áreas. Hoje temos quatro empresas.”

As prioridades também mudaram. “Todos os dias, acordo cedo, faço minhas orações, pratico atividade física e vou para o escritório. Não abro mão da minha vida espiritual e do tempo com minha família. Não tenho redes sociais nem WhatsApp para não perder
tempo”, conclui.

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Colaborador

Rê Campbell / Fotos: Cedida e Gettyimages