Cresce o número de suicídios entre policiais

Só no Estado de São Paulo, um PM tira a própria vida a cada dez dias

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Segundo o Relatório Anual da Ouvidoria das Polícias do Estado, divulgado em fevereiro, 45 policiais se suicidaram em 2018, contra 26 em 2017 – o que corresponde a um aumento de 73% de um ano para outro.

As mortes englobam as corporações Civil e Militar. O levantamento aponta que dez policiais civis se mataram no ano passado, mesmo número de ocorrências registradas no ano anterior. Já a quantidade de PMs que cometeu suicídio mais do que dobrou nesse intervalo: saltou de 16 em 2017 para 35 em 2018. Só para se ter uma ideia, é como se a cada dez dias um deles tirasse a própria vida.

No relatório, o ouvidor responsável, Benedito Mariano, destacou que esses números são alarmantes e que é necessária a criação de um “acompanhamento da saúde mental dos policiais com profissionais de fora
das instituições.”
São Paulo é o Estado com o maior efetivo de policiais militares: quase 94 mil em um universo de 425 mil espalhados por todo o Brasil. Mas os casos de suicídio também ocorrem em outros locais.

De acordo com a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra-BA), 21 PMs cometeram suicídio no Estado entre 2016 e 2018. Já no Rio de Janeiro, 58 morreram por suicídio entre 1995 e 2009 – período do último levantamento divulgado. Para o Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), os policiais militares cariocas têm quatro vezes mais chances de cometer suicídio do que a população comum.

A dificuldade em lidar com a pressão cotidiana é um dos problemas enfrentados pelos policiais. O estresse, o medo e a angústia são inerentes à profissão de quem arrisca a própria vida para salvar a dos outros.

De acordo com a Lei de Acesso à Informação da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, entre janeiro de 2014 e junho de 2018, três PMs foram diagnosticados, por dia, com transtornos mentais.

Só naquele Estado, a Polícia Militar comprou, nos últimos dois anos, cerca de 750 mil medicamentos de tarja preta, cujo uso tem controle rigoroso e é condicionado à apresentação de receita médica. Entre os remédios estavam ansiolíticos (para ansiedade), antipsicóticos e antidepressivos.

Além disso, houve uma explosão no número de licenças médicas. Segundo dados da própria PM do Rio de Janeiro, em 2017, mais de 8 mil autorizações foram dadas a membros da tropa para tratamento psiquiátrico.

Apoio
Se os policiais cuidam da segurança e do bem-estar da população, quem pode fazer isso por eles? Desde 2017, voluntários da Universal realizam um trabalho de evangelização com estes profissionais. Recentemente, foi criado o grupo Universal nas Forças Policiais (UFP) para prestar auxílio social e espiritual a todos os membros das Forças Armadas – Marinha, Exército e Aeronáutica – e da segurança pública, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Civil, Guarda Municipal e agentes penitenciários. O responsável é o Pastor Roni Negreiros, major-capelão da Polícia Militar do Estado do Maranhão.

O grupo promove palestras preventivas sobre corrupção, ética, drogas, estrutura familiar, casamento e educação dos filhos e realiza reuniões para o fortalecimento espiritual destes profissionais. Para saber mais, acesse www.facebook.com/UFPBrasil.

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Colaborador

Janaina Medeiros / Foto: Alf Ribeiro/Folhapress