A notícia da gravidez veio acompanhada de um câncer de mama

Os médicos sugeriram o aborto, mas Patrícia Rodrigues contrariou a decisão, teve a filha e alcançou a cura desejada

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A cabeleireira Patrícia Rodrigues Santos, de 42 anos (foto acima), frequenta a Universal há 25. Ela é casada há 15 com Reginaldo Santos e conta que não pensava em ter filhos no início do casamento. “Meu marido fazia faculdade e morávamos de aluguel”, diz. O desejo de ser mãe surgiu anos depois.

A boa notícia veio em 2012: uma terça-feira, dia 23 de julho. No dia seguinte, pela manhã, ela foi ao médico. Além da confirmação da gravidez, Patrícia recebeu o resultado de uma biópsia que havia feito. Ela descobriu um câncer de mama e soube que estava grávida de quatro semanas e seis dias. “Ninguém espera a notícia que está com câncer.

Mesmo sabendo da existência de um nódulo, a médica havia dito que a probabilidade de ser maligno era baixíssima, pois não há histórico de câncer na minha família e, até pela minha idade, estávamos confiantes. O nódulo estava na glândula mamária direita, chegou a 3,7 centímetros e o resultado da biópsia apontou carcinoma mamário invasivo.”

Diante deste cenário, havia uma decisão a ser tomada: os médicos disseram que ela teria que optar pelo tratamento contra o câncer ou pela gravidez, pois os medicamentos comprometeriam o desenvolvimento do embrião. “Os médicos disseram que o bebê estava em formação e a prioridade era poupar minha vida. Fui orientada a fazer um aborto legal, pois estava em risco de morrer. ”

Patrícia, no entanto, precisou procurar o Ministério Público para obter um documento inviabilizando a interrupção da gravidez. Vale lembrar que, no Brasil, a lei defende três situações para o procedimento abortivo: estupro, feto anencéfalo e risco à saúde da mulher.

Contra o tempo
A equipe médica, antecipadamente, já havia marcado o procedimento de interrupção da gestação. Exames foram providenciados, entre eles uma ultrassonografia.

Ao escutar os batimentos cardíacos do embrião pela primeira vez, Patrícia se posicionou em favor do bebê. Questionada pelo obstetra, Patrícia disse que seguiria com a gestação. Ela não compareceu à cirurgia abortiva, agendada para o dia 11 de setembro daquele ano. A filha nasceu saudável meses depois e Patrícia a amamentou até os 6 meses.

Propósito
Orientada pela esposa de um pastor da Universal, Patrícia retornou ao hospital para realizar novos exames. Na consulta com uma mastologista, ela foi orientada a suspender a amamentação. Sua filha, Ana Júlia, já estava com 7 meses.

Foi quando Patrícia começou a fazer quimioterapia e sofreu com os efeitos colaterais, como queda de cabelo, náusea e vômitos. “Em 20 dias eu fiquei careca”, diz Patrícia. “No primeiro dia, senti um negócio estranho, vomitei e não conseguia comer”, relembra.

Durante o tratamento, ela permaneceu na casa da mãe. “Tinha muita coisa para fazer, minha filha chorando e eu deitada. Queria ajudar, mas meu corpo não deixava. Até que me levantei, fui ao banheiro e falei com Deus: ‘peço que o Senhor venha me dar forças.’ Quando saí, era como se Deus tivesse arrancado tudo o que eu sentia com a mão.”

A cada 15 dias, Patrícia passava pela sessão de quimioterapia e tinha o hábito de orar antes de tomar a medicação.

Logo ela notou que não havia mais o mal-estar de antes. “A única coisa que sentia era sono, porque o tratamento durava três horas e meia. Os médicos olhavam para mim e falavam: ‘você está doente? Porque não parece. Está bem corada.’ Eu fiz o procedimento por obediência aos médicos, mas, primeiramente, cri em Deus. Ele que levou sobre Si nossas dores e enfermidades. Não fiquei questionando. Percebi que Ele tinha um propósito para a minha vida.”

Cirurgia
Depois da quimioterapia, veio a cirurgia. A princípio, a mama seria retirada, mas, uma semana antes da operação, a médica optou por só retirar o quadrante (a parte acometida). O tratamento ocorreu durante três anos e incluiu medicamentos para impedir o retorno da doença. Há dois anos ela deixou de tomá-los e faz acompanhamento anual.

Sobre a fé
Patrícia relembra que os pensamentos de dúvida eram recorrentes, mas ela conta que não permitiu que o abatimento prevalecesse. “As palavras negativas vêm para desanimar, mas devemos olhar para a nossa fé, para Deus, a fé move montanhas. Eu sabia que minha cura dependia mais de mim do que de Deus. Esse problema veio para me levantar e não para me derrubar. A situação me deixou mais forte”, conclui.

Ao olhar para a filha, hoje com 5 anos, Patrícia repete todos os dias: “você nasceu para a glória de Deus”.

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Demetrio Koch e Arquivo Pessoal