Você sabe como se proteger dos raios?

A cada ano, mais de 500 brasileiros são atingidos pela queda dos raios

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Nos meses da primavera e do verão – setembro a março – há maior incidência de tempestades no Brasil e, consequentemente, de raios. Nosso país tem o maior número de ocorrência de raios do mundo: em média, 70 milhões caem no território nacional durante todos os anos.
Segundo Osmar Pinto Júnior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a queda de raios muda de acordo com as regiões e com as mudanças climáticas, como o fenômeno El Niño. Na Amazônia, por exemplo, as tempestades são frequentes em setembro e outubro, enquanto nos Estados do Sudeste elas ocorrem mais em janeiro. “A urbanização das cidades provoca mudanças climáticas e a presença de raios pode ser maior. Uma cidade com mais de 500 mil habitantes ficará mais exposta.”
O raio é uma corrente elétrica muito intensa com no mínimo 30 mil ampères (mil vezes mais do que um chuveiro elétrico). Ele se origina do choque de partículas de gelo que se encontram nas nuvens durante a tempestade que, ao colidirem entre si, ficam eletrificadas. Se uma pessoa é atingida por ele, morre por parada cardíaca ou respiratória.
Caso o raio caia próximo da pessoa, a uma distância de 50 ou 100 metros, a corrente elétrica que pode atingi-la será menor. Por isso, ela poderá sobreviver. Em média, de cada cinco pessoas atingidas por raios, uma morre e quatro sobrevivem com sequelas nos sistemas nervoso e motor.
Segundo um estudo do Elat, entre os anos de 2000 e 2017 foram contabilizadas 2.044 mortes. Apesar disso, o número de mortes por causa de raios vem diminuindo no Brasil. Atualmente, em média, 110 pessoas são vítimas a cada ano. Osmar acredita que essa diminuição se deve à migração das pessoas da zona rural para as grandes cidades e ao acesso às informações sobre os perigos dos raios. “Com a internet, ficou muito mais fácil saber como se proteger, tanto que o índice de sobreviventes por ano – 400 pessoas – é alto, se comparado ao dos países desenvolvidos”, afirma. Ele acrescenta que há um grande desafio para combater a desinformação. “A probabilidade de ser atingido por um raio é de uma em 1 milhão, mas, dependendo da exposição da pessoa, ela pode ser alta.”
Mitos
Foram construídas muitas crenças quanto aos raios. A mais comum é a de que “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. A afirmação é mentirosa: o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, é atingido, em média, por seis raios ao ano.
Outros mitos são de que espelhos atraem raios; pessoas atingidas não devem ser tocadas; e se não chover não há queda de raios, entre outros. Por isso, procure sempre se informar em sites confiáveis, como o do Elat.
Como se prevenir:
Em local aberto

  • Se estiver na praia ou no campo, procure abrigo em um carro fechado ou dentro de uma residência
  • Permaneça no interior do carro com os vidros fechados. O raio pode cair no veículo, mas não afetará quem está dentro dele
  • Se procurar abrigo em uma residência, não fique na janela
  • Evite lugares como topo de montanhas, perto de água (rio, mar) e próximos a torres de telefonia, de trem, de avião e de cercas metálicas
  • Se afaste de árvores, toldos, cabanas e quadras de futebol. Se estiver em um jogo, vá para o vestiário
  • Não permaneça na piscina, mesmo se o local for fechado e tiver para-raio

Em local fechado

  • Evite janelas ou sacadas (20% das mortes por raios ocorrem dentro de casa)
  • Não fique em contato com objetos ligados à rede elétrica
  • Não tome banho durante a tempestade
  • Mantenha distância de pelo menos 30 centímetros das tomadas
  • Evite usar a rede telefônica (com fios). Celulares não representam risco dentro de casa, desde que não estejam
  • carregando nem conectados à rede elétrica
  • Se algum objeto da moradia for afetado, entre em contato com a concessionária da sua região e verifique os procedimentos de ressarcimento
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Colaborador

Katherine Rivas / Foto: Fotolia