Violência contra a mulher: um problema de todos

No Brasil, mais de 12 mil pessoas são vítimas diariamente. Mude essa situação

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A cada hora, cinco pessoas são estupradas no Brasil, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pior do que isso: o número de estupros denunciados cresceu 38% entre 2016 e 2017, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP). E acredita-se que menos de 15% das vítimas denunciam seus agressores.

De acordo com Vanessa Molina, psicóloga e porta-voz da Associação Fala Mulher (AFM), entidade filantrópica que atende e auxilia mulheres vítimas de violência, o diminuto número de denúncias se dá por diversos motivos:

“O medo, a vergonha, dependência financeira, falta de credibilidade no sistema judiciário, falta de apoio familiar, social e de políticas públicas. É necessário capacitar os profissionais que atuam nas delegacias da mulher, pois, muitas vezes, a mulher que quer denunciar é desqualificada e desrespeitada quando procura ajuda. É fundamental a implantação de políticas públicas para atender a mulher vítima de violência, com uma visão para o contexto familiar e social”.

Ao contrário do que grande parte da sociedade ainda acredita, a violência contra a mulher não se resume ao abuso físico. Também são criminalizadas as violências psicológica, moral, sexual e patrimonial. Segundo o Instituto Datafolha, a cada hora 503 mulheres são vítimas de um desses tipos de violência. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) acredita que 70% dessas vítimas sofreram violência doméstica.

“Muitas pessoas pensam que esse não é um problema delas, mas é sim, é um problema social e todos devem estar envolvidos, principalmente a educação. A mulher que sofre violência tem uma série de prejuízos na sua saúde física e psicológica, comprometendo suas funções pessoais, profissionais e sociais”, afirma Molina.

Trabalhar juntos para vencer o problema

O Projeto Raabe nasceu no grupo Godllywood, da Universal, em 2011 justamente para ajudar a mulher que passa por esse problema. Fernanda Lelis, coordenadora nacional do grupo, explica que “o Projeto é um grupo de apoio a mulheres em geral, pelo qual oferecemos suporte emocional e espiritual por meio de aconselhamentos e cursos, a fim de elevar a autoestima dessas mulheres, incentivando a autoconfiança e o amor próprio”.

Uma das mulheres auxiliadas pelo trabalho do Raabe é Ana Carolina, de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. A jovem conta que, ainda criança, sofreu abusos: “Aos meus oito anos de idade começou o meu sofrimento. Durante um ano fui vítima de abusos, o primeiro cometido por uma mulher. Depois sofri mais dois abusos”.

Durante muito tempo, Ana Carolina carregou a dor e o ódio consigo e, aos 15 anos, percebeu que deveria perdoar as pessoas que a agrediram, pois o rancor fazia mal para ela mesma. Entretanto, sua ferida não cicatrizou.

“Foi no Projeto Raabe que eu consegui me conhecer e me tornar uma pessoa forte. Hoje, recordo do meu passado, não mais com dor e, sim, como o meu testemunho! Aprendi a me valorizar, a ser uma pessoa que enfrenta seus medos, que a cada dia vai vencendo até a timidez de falar em público. Vi mudanças no meu casamento, pois, por conta dos abusos, não conseguia ter uma vida íntima, via como um peso”, conta ela.

Fernanda Lelis afirma que, assim como Ana Carolina, muitas outras mulheres recebem auxílio do Projeto para superar os transtornos vividos: “O projeto oferece conselheiras, profissionais voluntárias preparadas, muitas vezes mulheres que já superaram traumas parecidos e hoje dedicam seu tempo a ajudar as novas vítimas, tais como: advogadas e assistentes sociais para prestar apoio às mulheres que necessitam de orientação espiritual e esclarecimentos sobre questões jurídicas e sociais”.

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Colaborador

Andre Batista / Imagem: iStock