“O desejo de suicídio foi substituído pelo de salvar”

Sabrina Sampaio ficou três anos se mutilando. Até que um convite fez com que ela repensasse a própria história

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A agressão direta ao próprio corpo fez parte do histórico de Sabrina Sampaio da Paixão, de 19 anos (foto acima). “Comecei a me mutilar aos 13 anos. E durou aproximadamente três anos. Na adolescência, me achava inferior, tinha medo do escuro, não gostava de ficar com a minha família nem tinha amigos. Então, me trancava no meu mundo com todos os meus complexos.”
Sabrina conta que o vazio que sentia em seu interior fazia com que ela recorresse à automutilação: “o vazio que sempre senti cresceu de tal forma que eu chegava a ter dificuldade para respirar de tanto que doía, parecia que algo apertava meu coração. Na tentativa de fazer com que a dor parasse, encontrei na automutilação um escape. Tentava passar para os meus braços a dor que sentia dentro de mim.”
Família
Ela conta que nunca se deu bem com seus irmãos. “Quando ficava com eles ocorriam agressões físicas e verbais. Também não era próxima da minha mãe, pois acreditava que ela gostava mais dos meus irmãos do que de mim.”
Além disso, por causa do desentendimento que havia no casamento de seus pais, Sabrina também evitava manter relacionamentos amorosos.
Episódios
No início, os cortes eram pequenos e superficiais e aconteciam somente quando havia algum “motivo”. “Por exemplo, quando havia brigas”, diz. Mas, com o decorrer do tempo, a automutilação se tornou um vício. “Quando estava triste, me mutilava para a dor passar e, quando estava feliz, me mutilava por sentir que não era merecedora daquilo.”
Ela descreve que essas agressões não visavam ao suicídio. “Pesquisei a respeito e vi que pessoas que haviam tentado o suicídio não morreram assim. Eu queria me matar, mas de um jeito que parecesse acidente. Por isso, tentei me jogar na frente de carros”, relembra.
Foram três tentativas de suicídio. “A última tentativa foi a que chegou mais perto, mas o carro desviou na última hora. Hoje vejo a mão de Deus ali, pois um homem não conseguiria fazer aquilo.”
Na escola
Sabrina conheceu o trabalho da Universal graças a uma colega de escola. “Costumava ficar sozinha e ela simplesmente chegou e começou a conversar comigo. Me chamou para ir ao TF Teen, hoje Força Teen Universal (FTU). Ia só para ter um lugar para ir no domingo, mas lá eu via pessoas felizes.”
Com o decorrer do tempo, ela aprendeu a usar a fé. “Aprendi quem era o causador de todo sofrimento e como vencê-lo.” Agora, muitas pessoas veem sua mudança física e espiritual. “Hoje sou transformada e cheia do Espírito Santo. O desejo de suicídio foi substituído pelo de salvar pessoas que estão na mesma situação em que eu estive.”

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Colaborador

Flavia Francellino / Foto: Cedida