Presos constroem futuro com carreiras digitais

Programa social oferece a detentos aulas de programação, web design e animação

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Detentos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, estão aprendendo profissões em áreas promissoras do mercado digital. Os cursos são promovidos, gratuitamente, pelo programa social “Universal nos Presídios” (UNP). Até 2025, uma em cada três empresas empregará o uso das tecnologias virtuais em suas atividades.

Uma pesquisa Americana realizada pelo Brookings Institution apontou que aproximadamente 90% das profissões, utilizarão algum tipo de ferramenta digital, mesmo nos ofícios de baixa qualificação.

No Presídio de Pedrinhas, que foi considerado um dos cinco piores do país em 2015, os presos estão fazendo cursos de design gráfico, web design, programação, animação 2D e 3D.

“Sempre pensei como eu ia refazer a minha vida quando saísse daqui. Este curso está me dando uma oportunidade que eu queria há muito tempo que é tentar mudar de vida e viver de forma digna”, disse o presidiário participante do curso de design gráfico.

Em todo Brasil, quase 3 mil encarcerados foram capacitados em diversas áreas, tais como bombeiro hidráulico, eletricista residencial, serigrafia, embelezamento facial, designer de sobrancelha, tapetes medusa, pintura em tela.

“Um curso de formação como esses possibilita o preso ter um retorno para a sociedade qualificado. A ressocialização hoje é o grande desafio que se impõe às instituições que comandam o sistema penitenciário”, disse o diretor da Penitenciária Feminina de Guaíba, Rogério Maota à Record TV do Rio Grande do Sul. 

Maioria dos presos tem baixa escolaridade 

Foi divulgado no final de 2017, no Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), que a maior parte dos presos possui baixa escolaridade.

Segundo dados da pesquisa, aproximadamente 75% da população prisional brasileira não chegou a cursar o ensino médio. Dentre esta parcela, 51% não concluíram o ensino fundamental, os 6% alfabetizados que não frequentaram a escola e os 4% analfabetos. 24% têm como escolaridade o Ensino Médio incompleto ou completo, somadas. Apenas 1% dos presos chegaram a iniciar ou concluir o ensino superior.

Para o professor do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação da USP, Roberto da Silva, a educação do preso é um direito.

“Não tem mais o que se discutir sobre isso. No entanto, é tratada como um privilégio, por meio de projetos, e não como parte de uma política púbica de educação”, afirmou o professor em entrevista à imprensa.

Presídio de Pedrinhas 

Em 2014, presos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas fizeram um vídeo de outros detentos decapitados depois de um motim. A Unidade Prisional ficou na lista dos cinco piores do Brasil.

Segundo o Governo do Maranhão, nos últimos dois anos foram investidos em segurança e revitalização do complexo, zerando o número de homicídios. A ação tirou o estado do topo para o último no ranking que mede a taxa de violência nos presídios brasileiros.

Saiba mais sobre a Universal nos Presídios 

O programa social existe há mais de 30 anos e desenvolve trabalhos em 1.299 unidades prisionais em todo o Brasil. Mais de 500 mil detentos e os familiares deles, agentes penitenciários e demais funcionários recebem amparo do grupo.

São oferecidos atendimento médico, odontológico e jurídico, café da manhã na porta das unidades para os familiares que visitam os presos, cestas básicas, livros e informativos. O objetivo é ressocializar os detentos. Com o conhecimento adquirido nos cursos, palestras e reuniões, quando livres, podem se reintegrar à família e à sociedade, diminuindo, assim, o índice de criminalidade.

No ano passado, mais de 7 mil egressos do sistema prisional foram ressocializados pela UNP.

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