Parentes ou a nova família?

Algumas mulheres precisam ajustar os ponteiros e encontrar a solução para o problema de agradar o marido e saber lidar com os pais

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O jantar planejado há semanas era para ser romântico, mas virou uma espécie de celebração familiar. Isso porque o encontro – que seria inesquecível para o casal – se tornou inesquecível apenas para ele, que teve que compartilhar o momento e o cardápio com o sogro, a sogra, cunhada e a sobrinha de oito anos. Brincadeiras à parte, esse caso serve para ilustrar uma situação comum a muitas mulheres casadas, que não veem problema no fato de os pais, as tias ou os primos de vigésimo grau se fazerem mais do que presentes em momentos que não deveriam no relacionamento a dois.

Tempo para tudo

Há mulheres que encaram o matrimônio como o momento de “cortar o cordão umbilical”, já outras têm certa dificuldade de “sair do ninho”. Quanto a isso, a psicóloga clínica Silvia Rodrigues expõe que na vida tudo tem seu tempo e que é preciso saber separar as situações. “Há tempo de estar com a família, de comemorar um aniversário, mas também existe o momento de privacidade do casal, de os dois compartilharem de uma intimidade que não cabe a outra pessoa da família”, acentua.

A psicóloga Mônica Alves M. Leal ressalta que o que deve prevalecer é o comum acordo. “O casal precisa reservar momentos a dois para fortalecer o relacionamento, para trocar figurinhas, namorar e curtir a companhia um do outro.”

Silvia Rodrigues pontua que o casal pode ouvir opiniões dos pais e parentes, mas deve construir uma identidade para que não haja grandes interferências. “É legal ouvir conselhos dos mais experientes, desde que não intervenham tanto no lar.”

Uma só carne

A Bíblia descreve, em Êxodo, capítulo 20, versículo 12, que devemos honrar nosso pai e nossa mãe. Entretanto em Gênesis 2, versículo 24, o Texto Sagrado traz um importante ensinamento para os casais: “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”.

Em Marcos 10, o versículo 8, complementa a ideia de que é preciso que o casal, depois de casar, seja um só, com um só ideal e um só propósito de vida: “E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne.”

O equilíbrio

A escritora e palestrante Cristiane Cardoso alerta as mulheres quanto ao equilíbrio que devem ter. “Quando você honra seus pais faz com que sintam orgulho de você, ou seja, sua vida traz honra para eles. Porém isso não quer dizer que você vai deixar de agradar seu marido para agradar aos seus pais. Até porque, se tiver um casamento fracassado, você deixará de honrá-los.”

A psicóloga Mônica observa que é importante demonstrar consideração pelos pais e concorda com o equilíbrio como base para as relações entre filha e pais e esposa e marido. “Sempre vamos respeitar e honrar nossos pais, pois são referências importantíssimas na nossa construção como indivíduos. Com o casamento, contudo, existe a complementação e a introdução concedida a outra pessoa, o cônjuge. Como a união conjugal precisa de alguns ajustes e acordos para existir e se manter, a vida a dois se torna prioridade. E não, necessariamente, uma substituição.”

Se conheçam

Silvia destaca que é fundamental que o casal se conheça e que um escute o que o outro diz. “Se o marido sempre reclama que gostaria que os dois fizessem as coisas do jeito deles e não do modo que a família dela pediu, é porque a esposa não dá muita ‘trela’ para a opinião dele, o que é um desrespeito. Casamento é compartilhamento e o casal precisa tomar decisões em conjunto”, conclui Silvia.

Mônica destaca ainda a importância do diálogo. “O ideal é conversar sobre todos e quaisquer assuntos, já que, dessa forma, a confiança e a cumplicidade entre o casal crescem”, finaliza.

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Colaborador

Por Flavia Francellino/ Foto: Montagem sobre fotos Fotolia