Hanseníase tem cura

A doença pode ser eliminada, desde que seja devidamente tratada

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A hanseníase é uma das doenças mais antigas já registradas pela medicina. É causada por uma bactéria chamada Mycobacterium Leprae ou Bacilo de Hansen e já foi conhecida como lepra, nome que deixou de ser usado no Brasil desde 1995, quando a Presidência da República daquele período determinou que o termo e seus derivados não poderiam mais ser usados na linguagem empregada nos documentos oficiais.

A doença é infectocontagiosa e não hereditária. É classificada em dois tipos: paucibacilar, quando apresenta até cinco lesões na pele; e multibacilar, quando apresenta mais de cinco lesões.

Os sintomas da doença são silenciosos e costumam aparecer de várias formas, como explica a dermatologista Larissa Viana, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). “Os sintomas iniciais são manchas claras ou avermelhadas pelo corpo. Elas não doem nem coçam, costumam ser pouco visíveis e com tamanhos imprecisos. A principal alteração é a perda de sensibilidade no local, podendo ocorrer queda de pelos e ausência de transpiração.”

Segundo a especialista, quando o nervo de uma área é afetado, surgem dormência, perda de tônus muscular e retrações dos dedos, que podem gerar incapacidades e deformidades físicas. Nos casos mais graves, podem aparecer caroços e inchaços nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos, cotovelos e pés.

A médica diz que a transmissão ocorre de pessoa para pessoa, por meio das vias respiratórias. “Ao falar ou tossir, o doente elimina bactérias com as gotículas de saliva. Essas bactérias causadoras da doença penetram nas vias respiratórias da outra pessoa.”

O período de incubação (tempo entre o contágio e a manifestação dos sintomas) pode alterar entre seis meses e cinco anos.

A dermatologista reforça que a doença não é transmitida pelo toque do paciente portador da enfermidade e que cerca de 90% da população tem imunidade contra a doença.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é confirmado por meio de testes de sensibilidade feitos pelo médico e pelo próprio paciente, além de palpação de nervos e avaliação da força motora. Ainda é feita a baciloscopia (coleta da serosidade cutânea, colhida das orelhas, cotovelos e de lesões da pele).

A hanseníase tem cura se tratada corretamente. O tratamento fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é feito por via oral, com a administração de antibióticos, e pode durar de seis meses a um ano.

Após o consumo da primeira dose da medicação, os riscos de transmissão são eliminados. Pessoas do convívio do paciente devem ser examinadas. Caso não estejam contaminadas, deverão tomar a vacina BCG e seguir as orientações médicas para interromper o ciclo de transmissão.

De acordo com a Organização das Nações Unidas, a doença está presente em 24 dos 35 países das Américas.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou queda de casos nos últimos anos. Em 2007, foram registrados 40,1 mil, número que caiu para 25,2 mil em 2016, o que representa uma diminuição de 42,3% da taxa de ocorrência no País. Mesmo com a queda, os índices ainda são elevados.

Por esse motivo, o Ministério da Saúde lançou, em janeiro deste ano, a Campanha Nacional de Luta contra a Hanseníase. O movimento, que tem o slogan “Hanseníase: Identificou. Tratou. Curou”, tem o objetivo de informar a população sobre a doença, além de divulgar os serviços de saúde, prevenção e tratamento oferecidos gratuitamente. Informe-se.

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Colaborador

Por Kelly Souza/ Foto: Fotolia