Por que Jesus não revidou as humilhações?

É inegável o Seu poder sobrenatural: água se tornou vinho, mortos foram ressuscitados, cinco pães e dois peixes alimentaram multidões, etc. Mas Ele não reagiu às chacotas e torturas

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Você já se perguntou por que uma pessoa aceitaria se submeter a ser desacreditada, perseguida, caluniada, traída, zombada, chicoteada, esbofeteada e transpassada por uma lança? O Senhor Jesus passou por tudo isso por amor, inclusive aos algozes, e o fez sem reclamar, revidar ou guardar mágoas, mas amando a todos durante o tempo todo.

Ninguém pode negar o poder sobrenatural do Senhor Jesus. Esse poder era tão grande que Ele seria capaz de impedir toda aquela situação. Afinal, Alguém que transformou água no melhor vinho (João 2.9), andou sobre as águas (Mateus 14.25), fez secar uma árvore para que nunca mais desse frutos (Mateus 21.19) e até trouxe de volta à vida quem já estava morto (Lucas 7.14) teria autoridade para silenciar escarnecedores e repudiar qualquer pena ou tortura, mas Jesus não fez nada disso. Em vez disso, aceitou passar pela humilhação vinda das mãos e das bocas de pecadores, inclusive daqueles que presenciaram seus milagres.
Para entender o porquê dessa atitude dEle, é necessário, antes, compreender o que O levou a essa situação e, para isso, precisamos voltar ao Jardim do Éden, aquele lugar que, depois de ter criado os céus e a terra, Deus preparou para colocar a obra-prima da Sua criação: o ser humano.

Criados à imagem e semelhança de Deus, homem e mulher foram feitos para adorá-Lo, servi-Lo e viverem continuamente em Sua presença. O Criador, porém, não queria uma adoração mecânica e, por isso, fazê-los à Sua imagem significou que poderiam tomar decisões por vontade própria. Esse livre-arbítrio permitiria que tomassem decisões certas, mas que também fizessem escolhas erradas. E eles as fizeram: ambos escolheram erroneamente desobedecer a Deus e comer do fruto da árvore que estava no meio do jardim. Se tivessem obedecido, a árvore seria símbolo de amor, mas, ao desobedecerem, ela foi a porta de entrada do pecado no mundo, tornando aquele ambiente harmonioso um lugar hostil. Mas a pior consequência do pecado foi separar o ser humano de Seu criador.

A solução
O salário do pecado é a morte e para que os seres humanos não morressem, alguém teria que morrer em seu lugar. Durante muito tempo, Deus instituiu o sacrifício de animais para a remissão dos pecados. Ele teria que ser perfeito, pois representaria alguém sem pecado que morreria no lugar do pecador. Mas o sacrifício de animais não era o suficiente porque, se o ser humano trouxe o pecado ao mundo, então ele deveria tirar o pecado do mundo (1 Coríntios 15.21-22). Logo, a Humanidade precisava de um homem puro que a salvasse, mas não havia ninguém que não pecasse (Romanos 3.23).

A única solução foi o Próprio Deus, que é perfeito, fazer-Se homem. Foi por isso que Jesus veio ao mundo. Ele é o Filho de Deus que, como homem perfeito, Se colocaria como o cordeiro que seria oferecido em sacrifício perfeito para tirar o pecado do mundo e reconciliar o homem com o Pai.

Mas, apesar da Sua divindade, o Senhor Jesus estava em um corpo mortal e sujeito a errar. Se isso acontecesse, não seria apenas a Humanidade que precisaria de Salvação, mas Ele também. Dessa forma, Ele não poderia Se contaminar com o pecado nem agir de forma contrária à Palavra de Deus.

Perfeito até o fim
Enquanto a missão de Jesus era salvar a Humanidade, a do diabo era impedi-Lo de cumpri-la. Então, se o objetivo era salvar as pessoas, por que não usá-las para fazê-Lo desistir? Como? Com a ingratidão delas, por exemplo.

Jesus foi traído com um beijo por um de seus discípulos, foi preso e levado a um julgamento tramado por quem se dizia defensor das leis de Deus, mas que não O reconhecia como Filho do Altíssimo, e foi crucificado – a pior forma de condenação da época. E, apesar de todo o bem que fez e dos inúmeros milagres que realizou, o povo preferiu que um criminoso fosse absolvido em Seu lugar. E, enquanto Ele carregava a cruz, em vez de as pessoas se comoverem ao
vê-Lo naquela situação, zombaram dEle, O torturaram, cuspiram. bateram nEle e riram dele. O ápice da vergonha foi a exposição a que Ele se submeteu ao ser assassinado nu – essa, aliás, foi uma vergonha para Israel inteiro, afinal, se Ele era o Messias, como poderia ser submetido a tamanho escárnio sob o questionável Império Romano? Ali humilharam o Rei dos Reis e caçoaram de Sua nobreza.

Em uma reunião na Universal, o Bispo Renato Cardoso disse que o intuito do diabo, incitando as pessoas a agirem daquela forma, era atingir o coração do Senhor Jesus e fazê-Lo se ressentir delas e desistir de Se sacrificar: “o diabo ficou incitando só para ver se Jesus pecava porque, se Ele pecasse, então imediatamente Sua consciência estaria suja e Ele não serviria mais como perfeito sacrifício, precisaria de um salvador também e não poderia mais salvar”.

Mas Jesus não teve a reação humanamente esperada em uma situação como essa. “Jesus, em Sua infinita sabedoria, passou por tudo orando ‘Pai, perdoa-os porque eles não sabem o que fazem’. Ele estava tratando do coração dEle, da boa consciência. Então, Ele não naufragou na fé”, disse o Bispo. Jesus entendia a responsabilidade que tinha assumido e Sua missão. Por ter conservado a Si mesmo sem pecado até o fim, Seu sacrifício foi perfeito e, por meio dEle, a Humanidade pôde se reconciliar com Deus, como está escrito: “E em nenhum outro há Salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4.12).

Jesus pôde fazer isso porque Ele Próprio tipifica a fé sobrenatural, ou seja, nEle estava personificada a Fé diferente de tudo o que se tinha visto até então e que possibilitou a Ele suportar as dores e fazer-Se exemplo à Humanidade. Porque guardou o coração e se submeteu à Vontade soberana do Pai, o Seu poder foi capaz de vencer os dois poderes invencíveis ao homem: o mal e a morte. Já o homem, que tem poder para fazer tantas coisas extraordinárias, desde o desenvolvimento de um alfinete até a de um foguete, sucumbe diante do mal e à morte.

Assim, o poder sobrenatural do Senhor Jesus é inegável e, com Seu sacrifício na cruz e Sua ressurreição, Ele nos deixou o caminho que possibilita a conquista da Eternidade no Reino de Deus, conforme Ele mesmo diz: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (João 11.25).

Núbia Onara/ Fotos: Edu Moraes, Blad Meneghel e reprodução

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