“Eu sempre procurava uma oportunidade de tirar minha própria vida”

Abandonada pelo pai e maltratada pela mãe na infância, Jaqueline Santos ainda enfrentou vários problemas antes de obter a paz que desejava

Imagem de capa - “Eu sempre procurava uma oportunidade de tirar minha própria vida”

O ambiente familiar em que a auditora financeira Jaqueline Santos, de 39 anos, cresceu tinha todos os elementos para que ela se tornasse uma mulher infeliz. Aos cinco anos, ela viu seu pai sair de casa porque não aguentava mais as constantes brigas e agressões físicas que ocorriam com a esposa, mãe de Jaqueline, que até tentou matá-lo em uma dessas ocasiões por causa do vício dele em bebidas alcoólicas. Em razão da pouca idade, Jaqueline, que foi a última pessoa com quem o pai falou, relembra que foi muito difícil entender por que ele estava arrumando as malas, chorando e pedia para que ela cuidasse de sua mãe e de seus irmãos. Depois, ela o viu sair de casa e ele nunca mais voltou.

E, como se essa dor não fosse suficiente, ela conta que a partir dali sua mãe ficou sem rumo e passou a tratá-la como uma espécie de “para-raios” de suas frustrações. “Ela me maltratava muito e me batia porque eu lembrava muito o meu pai. Diante de tudo isso, eu sentia que não pertencia àquele mundo e acabei crescendo com vários transtornos, inclusive alimentares. Eu estava constantemente nervosa com meus irmãos e sempre procurava ficar longe de todos. Com 11 anos, eu já tinha depressão, me cortava e vivia sentindo gosto de sangue na boca. Eu sempre procurava uma oportunidade de tirar minha própria vida por causa do vazio e da mágoa que tinha da minha mãe e da vida”, revela.

No limite
Jaqueline conta que a dor que trazia em sua alma era tão grande e constante que ela ouvia vozes perturbadoras, via vultos e tentou o suicídio três vezes. Ela define a última tentativa como o limite do desespero. “Eu me golpeei três vezes com uma faca e percebi que ela não entrou em mim.” Jaqueline afirma que ver aquilo a deixou ainda mais frustrada, pois achou que não servia nem para se matar.

Contudo o que ela não se deu conta naquela ocasião é que se tratava de um livramento Divino. O convite que recebeu depois desse episódio revelaria isso: “minha tia disse que existia um lugar onde toda aquela dor passaria e eu aceitei o convite dela para ir lá. Quando cheguei à Universal, fazia três meses que eu não dormia. Eu não aguentava mais aquelas vozes em minha cabeça me dizendo que eu não servia para nada. Falei com Deus que, se naquela noite eu conseguisse dormir, nunca mais sairia da Igreja. Naquele dia, eu consegui dormir, mas o maior milagre aconteceu dentro de mim: o vazio e a mágoa já não existiam mais”.

Faltava Alguém
Mesmo frequentando a Igreja, Jaqueline reconhece que demorou para entender que ainda faltava a ela o mais importante. Os problemas de sua vida amorosa eram um sinal claro disso. Só depois de um casamento e dois noivados desfeitos por ter sido traída, ela finalmente percebeu qual era o problema. “Apesar de não existir mais mágoa nem depressão, ainda me faltava tudo porque me faltava o Espírito Santo. Perdi muito tempo sendo egoísta com Deus. Eu só pensava nos meus problemas, naquilo que eu queria e achava. Então, tive uma conversa muito sincera com Ele. Eu falei: ‘Senhor, eu não sou nada. Entendo que a Sua Vontade é muito melhor do que a minha. Desça sobre mim, porque eu não tenho mais nada a perder’. Naquele momento que o Espírito Santo se apossou da minha vida nada mais foi do mesmo jeito. Eu sabia que nunca mais estaria sozinha. Largo tudo por Deus porque Ele é tudo na minha vida”, conclui.

imagem do author
Colaborador

Núbia Onara / Foto: Demetrio Koch