Transferi dinheiro por engano. E agora?

Um número trocado pode enviar o dinheiro para a conta errada. Veja em quais casos o procedimento é reversível

As transferências de dinheiro entre contas bancárias por meio da internet existem há algum tempo, mas elas só se tornaram verdadeiramente populares com o surgimento do PIX. O sistema desenvolvido pelo Banco Central caiu no gosto dos brasileiros, tanto que, segundo a própria instituição, 71% da população brasileira usa a plataforma.

Além de gratuito para pessoas físicas, o PIX também é mais simples, mas essa facilidade vem acompanhada por maior risco de fazer uma transação errada. Nas modalidades tradicionais – TED e DOC –, o usuário precisa preencher mais informações sobre o favorecido. Já no PIX, uma chave é o caminho para realizar um pagamento e um número errado pode mandar o dinheiro para bem longe do destino desejado.

Segundo a advogada especialista em direito digital Beatriz Valentim Paccini, para não errar é preciso ficar atento: “nunca faça um depósito sem verificar o nome de quem está sendo beneficiado, ou seja, se é realmente quem você está querendo favorecer. Sempre que você faz uma transação via PIX aparecem os dados do beneficiário, o nome dele e a instituição financeira. Então, antes de finalizar a operação, é sempre bom confirmar se os dados estão corretos”.

Outro alerta que Beatriz faz é em relação aos golpes: “se um amigo ou um filho pedir dinheiro ou alguém que anunciou a venda de um produto, é importante ligar, fazer uma chamada de vídeo e confirmar se o fato é verídico antes de realizar o depósito”.

Em razão do grande número de golpes relacionados ao PIX, o Banco Central desenvolveu alguns mecanismos para proteger o usuário. “Um deles é o Bloqueio Cautelar, que acontece quando o banco suspeita de uma fraude e bloqueia o valor por até 72 horas para análise”, explica. Segundo o Banco Central, o remetente tem direito ao estorno do valor, caso necessário.

A segunda opção é a medida especial de devolução (MED). “Se eu percebi que caí em um golpe, eu posso usar essa opção para entrar em contato com a minha instituição financeira e o banco beneficiado para tentar recuperar o valor”, diz. Nesse tipo de situação, é necessário fazer um boletim de ocorrência. Beatriz alerta para a necessidade de realizar esse procedimento rapidamente, pois o PIX é instantâneo: “infelizmente, as pessoas mal-intencionadas são muito criativas e, por isso, é preciso muita cautela e conversar com as pessoas mais velhas para alertá-las quanto aos golpes. Para conseguirmos lidar com isso, quanto mais informação melhor”, finaliza.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Arte: Edi Edson