Doenças mentais, automutilação e tentativas de suicídio cresceram nos últimos anos entre a população adolescente de todo o mundo. É o que mostra um estudo realizado por uma equipe de profissionais de Toronto, no Canadá, divulgado neste ano pela Canadian Medical Association Journal (CMAJ). A pesquisa contempla 20 análises sobre o assunto feitas em diversos países para chegar a uma grave conclusão: a causa desse crescimento pode ser atribuída ao uso das redes sociais, que têm causado efeitos nocivos aos jovens.

Baixa autoestima
Os pesquisadores avaliaram informações sobre a utilização de celulares e internet e como isso pode afetar o modo como os adolescentes se relacionam com as pessoas que estão ao seu redor e, principalmente, a forma como eles se veem. Foram detectados problemas como interações negativas e comparações sociais, que podem levar à baixa autoestima e ao bullying, por exemplo.

Ou seja: gastar horas e mais horas em redes sociais não acrescenta nada à vida daqueles que se dedicam a essa prática. Ao contrário: ela afeta a saúde mental e traz problemas que vão desde a privação do sono e a diminuição da performance escolar até consequências mais perigosas, como as destacadas no início deste texto. Vale ressaltar que os problemas relacionados ao uso das redes afetam mais as meninas, segundo o estudo. Entre elas, o número de casos de automutilação cresceu 110% no Canadá, como mostra o estudo da CMAJ.

De acordo com o Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a segunda principal causa de morte na faixa etária de 15 a 24 anos e, em seguida, estão as mortes causadas por acidentes de carro.

Causam vício
Outra pesquisa, realizada no ano passado pela Royal Society for Public Health, que é a instituição de saúde pública do Reino Unido, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem, mostrou que as redes sociais são mais viciantes do que o álcool e o cigarro. O Instagram, segundo este estudo, foi considerado a rede mais prejudicial à mente dos usuários.

Os mais vulneráveis
Cerca de 90% dos jovens com idades entre 14 e 24 anos usam as redes sociais, o que os coloca em um patamar de grande vulnerabilidade aos seus efeitos colaterais. Prova disso é que a ansiedade e a depressão cresceram 70% nessa parcela da população, como consta no estudo.

Os jovens estão mais ansiosos, mais deprimidos, com a qualidade do sono comprometida e com a autoestima baixa. Será que é mesmo vantajoso dedicar muitas horas do dia para as redes sociais, mesmo sabendo de todos esses riscos? Vale a pena refletir.