Quem ama, cuida. Quem cuida, tem
E se todo estudante que causasse danos a uma escola pública ou a seus equipamentos tivesse que trabalhar para consertar os estragos, além de seus pais terem que pagar por eles? Pois isso é o que sugere um Projeto de Lei (PL) recentemente encaminhado à Câmara Municipal de São Paulo.
A proposta é que os alunos indisciplinados participem das atividades de restauração e manutenção do que danificaram ou sujaram, em um trabalho de conscientização quanto ao respeito pelo bem público. O que se tornaria, na prática, uma aula prática de cidadania.
O vereador autor do projeto, Gilberto Nascimento (PSC-SP), explica que a intenção é chamar a responsabilidade dos nossos jovens para as consequências dos seus atos.
A extensão da ação aos adultos responsáveis tem o objetivo de incentivar os pais a participarem mais da educação dos filhos e entenderem melhor o ambiente escolar no qual o menor permanece a maior parte do dia. Não é novidade que muitos ignoram completamente, por negligência ou outros motivos menos irresponsáveis, o que acontece com os filhos nas instituições de ensino.
A proposta de lei não é para punir, mas educar. Além das penalidades, também estão previstas medidas preventivas como palestras, conversas e outros eventos educativos para a conscientização de que a escola precisa ser bem cuidada não só por funcionários, mas, principalmente, por aqueles que estudam nela.
Conservação
Muito se fala no mau estado de algumas escolas, mas pouco é dito sobre o mau uso que leva a esses estragos. Obviamente há a necessidade de manutenção técnica periódica feita por profissionais competentes, como encanadores, eletricistas, pedreiros, engenheiros e similares, mas os cuidados do dia a dia, feitos pelos próprios usuários da instituição, contribuem para o bom estado e até para melhorar o aprendizado.
O projeto de lei é bem-vindo e seria muito bom que fosse aprovado, pois há uma grande necessidade de que os cidadãos em geral, não só os estudantes, tenham consciência das consequências de seus atos.
Infelizmente, ao contrário de outras nações, o brasileiro tem uma percepção muito individualista do que significa usar e manter os espaços de uso coletivo, o que explica grande parte do lamentável estado das vias e estruturas públicas na maioria das cidades do País.
Muitos ainda pensam que só precisam cuidar de sua própria casa, do portão para dentro, enquanto para fora dele toda sujeira e dano são permitidos sem que os responsáveis sofram alguma punição. A exemplo de atos irresponsáveis, como pichações, lixo jogado em qualquer lugar, banheiros de uso coletivo extrema e desnecessariamente sujos. E isso se reflete, infelizmente, nas escolas.
Ao “pôr a mão na massa” para reparar a escola, o aluno tem uma noção mais próxima do quanto custa manter a infraestrutura de sua própria comunidade, tanto em termos de trabalho quanto de dinheiro, além de criar um vínculo benéfico com aquele espaço que, afinal, foi feito justamente para ele.
Dificilmente, se tudo correr bem, ele danificará de novo aquilo em que pôs seu tempo, sua energia e até seu carinho para manter, passando esse aprendizado aos colegas. Quanto aos pais, entenderão melhor que seu papel não é só despachar a criança ou adolescente para as aulas, jogando a responsabilidade para terceiros.
Uma escola, muitas vezes, é o primeiro lugar em que uma criança aprende a lidar com sua sociedade, com o coletivo, fora do ambiente familiar do qual fez parte integralmente em sua primeira infância.
Ela não vai lá somente para aprender geografia, matemática ou português, como muitos ainda insistem em pensar. Ele vai para aprender a ser cidadão. E, sem a disciplina propriamente dita, não há cidadania.
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