Por vezes, somos surpreendidos por atitudes que revelam até onde a criatividade humana pode chegar quando se afasta de Deus. Em nome da fé, muitos acabam sendo lesados financeiramente, perdem a esperança e passam a duvidar do próprio Deus. Isso reforça a necessidade de cautela, discernimento espiritual e apego exclusivo àquilo que Deus orienta em Sua Palavra.

Operação Blasfêmia
Em setembro deste ano, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro realizaram a Operação Blasfêmia para investigar crimes como estelionato religioso, associação criminosa, charlatanismo, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores, curandeirismo e lavagem de dinheiro. Ao todo, 23 pessoas foram denunciadas. As investigações apontam que, além das redes sociais, o grupo utilizava uma estrutura de call center em municípios do estado para cobrar por orações e supostos milagres.

Os fatos evidenciam não apenas crimes civis, mas também uma grave distorção espiritual, na qual a fé é transformada em mercadoria e a Palavra de Deus é usada como instrumento de manipulação.

“PROFETAS DO PIX”
Os chamados “Profetas do Pix” são líderes religiosos e influenciadores que se valem de supostas revelações e dons espirituais para arrecadar doações financeiras, condicionando-as a orações ou promessas de bênçãos. Eles se autodenominam pastores, apóstolos, gurus, profetas e profetisas e utilizam a Palavra de Deus para enganar os incautos.

Expressões como “O Senhor está me revelando…” ou “Envie um Pix que eu tenho uma revelação para você” tornaram-se comuns nesse meio. Infelizmente, muitos acabam caindo nesse engano e tomam decisões importantes, como casar, comprar bens ou fechar negócios, baseados nessas falsas profecias.

O que a Bíblia alerta?
A Bíblia já alertava sobre esse tipo de prática. Em 2 Pedro 2:1-3 está escrito: “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores… E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas…”

Essa advertência se harmoniza com a denúncia feita pelo profeta Miqueias: “Os seus chefes dão sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá” (Miqueias 3:11).

O texto revela um padrão antigo e recorrente: a tentativa de usar o nome de Deus como justificativa para interesses pessoais, transformando a Palavra em instrumento de adivinhação e lucro.

Palavra não é adivinhação
Um dos sinais mais preocupantes do nosso tempo é a tentativa de transformar a Bíblia em algo semelhante a horóscopos ou cartas, usados para prever acontecimentos ou direcionar a vida de terceiros. Muitos não buscam conhecer a vontade de Deus, mas respostas rápidas, atalhos espirituais ou previsões personalizadas.

A Palavra de Deus, porém, não foi dada para esse fim. Ela revela a vontade divina para toda a humanidade e tem como propósito maior a salvação. O caminho para compreender o que está por vir não está em supostas revelações particulares, mas no que Deus já revelou.

Em Deuteronômio 28, o Senhor deixa claro que o futuro espiritual e as consequências da vida estão ligados à obediência ou à desobediência à Sua Palavra. Para os obedientes, há bênção; para os desobedientes, maldição. Trata-se de um princípio espiritual estabelecido por Deus.
Enquanto houver pessoas dispostas a serem enganadas, buscando soluções fáceis, haverá quem engane. Ambos se retroalimentam, mas a responsabilidade individual permanece.

Fé, não intermediários
Quando o Senhor Jesus foi crucificado, o véu do Templo se rasgou (Mateus 27:51), simbolizando que todos passaram a ter acesso direto a Deus, sem a necessidade de mediadores humanos. Os milagres realizados por Jesus ocorreram por causa da fé daqueles que creram e foram até Ele, e não por pagamentos ou barganhas espirituais.

Esteja vigilante
Deus fala com o ser humano por meio da Sua Palavra, e o ser humano responde por meio da oração sincera, como ensinou o próprio Senhor Jesus, que nos deixou o exemplo de uma vida de fé baseada na sinceridade e na submissão a Deus, e não em fórmulas vazias. Por isso, permanece atual o Seu alerta: “Olhai que ninguém vos engane” (Marcos 13:5). Em tempos de fragilidade emocional, muitos usam a Bíblia fora do seu propósito, mas a resposta verdadeira está disponível a todos que leem, ouvem e obedecem à Palavra de Deus, único caminho para discernir o que procede de Deus, preservar a fé e manter o verdadeiro propósito do Evangelho, que é a salvação.

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