O Brasil abriu 2,21 milhões de pequenos negócios, incluindo microempreendedores individuais (MEIs) e microempresas, entre janeiro e maio deste ano, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O percentual é 24,9% maior do que o mesmo período de 2024, representando mais de 97% das novas empresas. Somente em maio foram 409,3 mil novos empreendimentos, mostrando que empreender é uma alternativa cada vez mais buscada. Contudo muitos cometem erros ao empreender individualmente, o que pode levar o negócio a enfrentar sérias dificuldades para se manter.

Planejamento

Para Angela Firmino, administradora e consultora de negócios do Sebrae-SP, empreender não é se aventurar ou se arriscar em um negócio para ver se dá certo. “Empreender envolve riscos, mas devem ser riscos calculados, planejados e, uma vez em operação, precisam ser monitorados e bem geridos. Quem pensa em empreender deve estudar e buscar informações como quem são os seus clientes e os seus concorrentes, e saber se o mercado está aquecido ou passando por desafios ambientais e inovações importantes”, sugere.

Formalização fácil

Angela afirma que é muito fácil ser MEI: “A abertura é gratuita e 100% on-line através do Portal do Empreendedor (gov.br/empresas-e-negocios/pt-br/empreendedor), dentro da opção ‘Quero ser MEI’. Basta o número do CPF e poucos dados pessoais e, em poucos minutos, o MEI está formalizado com cartão CNPJ emitido. A formalização dá acesso a benefícios previdenciários junto ao INSS (licença-maternidade, auxílio-doença, aposentadoria), valor fixo e pagamento simplificado dos tributos, a linhas de crédito para o negócio, emissão de notas fiscais, e a possibilidade de prestar serviços para o governo, entre outras permissões”.

Direitos e deveres

Contudo a especialista considera que um dos principais erros de quem se torna MEI é não entender quais são os seus direitos e deveres. “Muitos não mantêm suas informações atualizadas e não fazem a emissão de notas fiscais com frequência. Essas questões impactam diretamente no acesso do MEI ao que é de direito e às diversas oportunidades de mercado que poderiam ser o salto de faturamento que estão buscando”, analisa.

Compromissos   

Por isso, ela recomenda que, ao tornar-se MEI, o empreendedor organize contas e compromissos. “Isso mantém a agenda clara e a ordem para uma boa execução das operações do dia a dia. Documentar as contas em um fluxo de caixa, por exemplo, é uma forma de organizar as informações sobre despesas e custos e entender aquelas que mais representam nos gastos da empresa. Dá clareza sobre o que mais consome recursos e ajuda a identificar oportunidades para economizar”, avalia.

Conta PJ

Embora não seja obrigatória a abertura de uma conta como pessoa jurídica (PJ), Angela faz a seguinte observação: “Ter uma conta PJ faz parte de uma gestão financeira eficiente, já que possibilita a separação do que é pessoal e do que é empresarial, transmite uma experiência mais profissional e segura a clientes e parceiros. E pode apresentar condições diferenciadas de acesso a produtos financeiros junto ao banco a que se está vinculado”.

Limite

Dessa forma, fica fácil visualizar o limite de ganhos que define um MEI: “Em 2025, o faturamento máximo permitido é de R$ 81 mil. Caso esse valor seja superado, o MEI será migrado automaticamente para o porte ME (Microempresa) sendo necessário, daí em diante, o apoio de um contador para o cálculo e pagamento da sua tributação. Como MEI, também é possível a contratação de um funcionário. A contratação e toda regularização são feitas também através do Portal do Empreendedor”, orienta.

Presença nas redes

Ela considera ainda que estar presente nas redes é fundamental. “Ter presença on-line não é uma opção, mas uma obrigação. Não aparecer no ambiente digital de alguma forma é lutar contra o fato atual de que as pessoas compram, se relacionam e resolvem problemas diversos através das plataformas digitais. É brigar contra um comportamento do consumidor. Não faz sentido. Antes de dar o primeiro passo, converse com quem já é MEI e também busque orientações com instituições de referência no assunto como o Sebrae”, aconselha.