PT pede ao Tribunal de Justiça suspensão da CPI das Universidades
Liminar foi negada, mas discussão a respeito dos objetivos da CPI continua. Ao Brasil Notícias, especialistas comentam por que a ação tem gerado polêmica
A primeira sessão da comissão parlamentar de inquérito, a CPI das Universidades Paulistas, foi marcada por discussão entre alguns deputados. Ela foi criada para investigar possíveis irregularidades no funcionamento de faculdades públicas do estado de São Paulo, como, por exemplo, gastos excessivos com funcionários e professores.
As discussões em torno dos objetivos da CPI se acirraram na primeira sessão que contou com a manifestação de professores universitários e militantes do PCdoB e PT. Deputados da oposição, como a professora Bebel, repudiaram a CPI. “Ela não pode ser utilizada pra criar políticas de funcionamento da universidade ou de qualquer espaço que está sendo investigado”, afirmou.
A deputada Beth Sahão (PT) chegou a apresentar um pedido de suspensão dessa CPI ao Tribunal de Justiça de São Paulo, mas a requisição foi negada. A polêmica com relação à criação da CPI aumentou quando o deputado estadual e presidente da investigação, Wellington Moura, se posicionou em uma entrevista para o jornal “O Estado de São Paulo” contra o que ele chamou de aparelhamento de esquerda das universidades públicas.
O outro lado
“Estamos visando averiguar a suposta má administração dos investimentos, a insuficiência de recursos e o que podemos fazer para melhorar a qualidade do ensino na vida dos professores e dos alunos. O objetivo da CPI sempre foi e continuará sendo a fiscalização da verba pública e sua legalidade. Quem quer que esteja desvirtuando o foco, a meu ver, está com medo do que pode aparecer no curso das investigações”, disse Moura.
Ao “Brasil Notícias”, programa de rádio veiculado pela Rádio Record e Rede Aleluia, o economista, jornalista e escritor, Rodrigo Constantino, comenta a repercussão do caso e é enfático ao dizer que é preciso que se investigue todos os pontos já levantados nessa CPI. “Eu vejo com bons olhos instalar uma CPI para avaliar as universidades brasileiras estaduais e federais. Essas universidades se transformaram em antros de doutrinação ideológica, parecem extensões dos diretórios de partidos de extrema esquerda. Falam muito em tolerância, mas, na verdade, querem instaurar hegemonia do pensamento único, sem falar da questão de corrupção e do consumo de quase todo orçamento dessas universidades com o pessoal. A gente sabe que o ensino brasileiro vem fracassando, tem mais é que investigar, sim”, exclamou.
Essa influência da esquerda dentro das universidades, para Constantino, não ocorre de forma subliminar. “Acho que é escancarada e, no meio de tudo isso, é claro que tem também os heróis, que são dedicados, decentes, que tentam ensinar o aluno a pensar por conta própria. Esses, muitas vezes, pagam o pato, porque toda questão falimentar dessas universidades atrasa o salário, faz greve, muitas vezes por influência de sindicatos que são dominados pela extrema esquerda. Esses professores heróis acabam pagando um alto preço por toda essa situação”, lamentou.
As universidades USP, UNESP e Unicamp recebem 9,57% da arrecadação do ICMS do Estado. O valor atual está em torno de 9 bilhões de reais. Em 2018, por exemplo, foi o segundo ano seguido em que parte dos servidores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) ficou sem receber o 13º salário. A instituição divulgou um comunicado interno aos funcionários, alegando dificuldades orçamentárias.
O cientista político, professor universitário e especialista em relações internacionais, Leandro Constantino, afirma claramente que há um problema de gestão que precisa ser analisado. “Comissões parlamentares de inquérito servem para investigar e ninguém deve ser contrário à apuração e investigação. Temos uma questão grave da gestão das universidades públicas que, de fato, merece apuração para entender por que elas não se sustentam financeiramente”, alerta.
Para o deputado estadual e presidente da CPI, Wellington Moura, toda essa perseguição da oposição só o estimula a continuar o projeto, com seriedade. Moura conclui que esse precisa ser um momento de transparência para que se consiga, de fato, uma evolução na gestão na área da educação.
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