As quase 60 tatuagens eram para esconder as cicatrizes

Automutilação, ansiedade, depressão e tentativas de suicídio fizeram parte da história de Ana Carolina de Souza, que agora tem uma vida diferente

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A social media Ana Carolina Silva de Souza, de 27 anos, chegou à Universal há um ano e 11 meses. Ela conta que carregava bagagens e algumas convicções pessoais que só a fizeram sofrer. “Eu sempre fui uma jovem que queria chamar a atenção e viver no centro da minha vontade, pouco importava se, para isso, eu tivesse que passar por cima de alguém.”

Desde criança, Ana Carolina sofria com a ausência do pai: “além disso, minha mãe trabalhava demais para nos sustentar e, enquanto ela estava fora, eu comecei a me envolver com más amizades. Tive experiências homossexuais muito nova, pois queria me encaixar naquele grupo. Ali também fui apresentada às bebidas e às drogas: usei maconha, balinha e lança-perfume. Comecei a beber aos 12 anos”.

Por conta da bebida, Ana Carolina relata que teve surtos de madrugada e problemas financeiros por tentar sustentar uma vida de baladas e bebidas. “Meu relacionamento com a minha mãe passou a ser difícil. Nós não nos dávamos bem e eu não tinha o menor respeito por ela. Inclusive, eu a culpava por tudo que estava passando. Se eu fizesse uma amizade, eu a considerava ‘meu mundo’. Sempre fui carente de atenção”, alega. Para atender a essa necessidade, Ana Carolina procurou satisfação em pessoas, mas foi em vão. “Então, comecei a falar que seria empoderada e que ninguém me faria sofrer”, diz.

Tempos depois, ela conheceu um rapaz e foi morar com ele. “Ficamos juntos por oito anos, mas eu o traía com outras meninas e ele aceitava.”

TENTATIVAS FRUSTRADAS
Apesar das tentativas de superar o sofrimento, Ana Carolina conta que continuava sendo uma pessoa “vazia e que buscava em tudo e em todos um pouco de amor”. Ela diz o que ocorreu depois: “passei a buscar algum alívio na automutilação. Quando consegui parar de me cortar, passei a me machucar de outra forma: eu arrancava meu cabelo e me tornei uma pessoa agressiva. Eu socava o meu rosto e me batia demais, mas fazia marcas onde ninguém pudesse ver. Se antes eu me cortava, comecei a tatuar meu corpo para cobrir e esconder as cicatrizes. Ao todo, foram quase 60 tatuagens. Por causa das amizades e por ser uma jovem que chamava a atenção pelas roupas e tatuagens, comecei a me prostituir e a ser presença VIP nas baladas”, relata. Ela mantinha uma vida de aparências. “Eu ficava com quem eu queria, dormia com quem queria. Na balada, na vida doida, eu era uma coisa, eu mantinha uma vida fake até nas redes sociais, mas, dentro de casa, eu era outra.” Ela destaca que também tentou se suicidar mais de uma vez.

TRANSFORMAÇÃO
Enquanto Ana Carolina chegava ao fundo do poço, sua mãe passou a frequentar a Universal. “Eu tinha ódio da Igreja Universal, falava que lá só tinha ladrão e que um pastor nunca colocaria as mãos na minha cabeça. Eu tinha raiva das programações e até queria quebrar a TV. Ainda assim, depois de uma madrugada difícil, minha mãe me levou à Igreja. Estava tudo bagunçado dentro de mim, mas senti uma paz tão grande que aquela bagunça na minha cabeça se transformou em silêncio.”

Depois daquela experiência, Ana Carolina renunciou à mentira e entregou sua vida a Deus. “Pedi a Ele a chance de ser diferente. Recebi o Espírito Santo e, desde então, tudo mudou. Antes, eu não via sentido em viver e agora tenho paz, alegria e quero mostrar às pessoas que elas conseguem sair dessa situação”, conclui ela, que hoje tem um bom relacionamento com a família.

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: cedidas