Por que incêndios na Europa não chamam tanta atenção como ocorre com o Brasil?

Greta, DiCaprio e Macron são algumas das figuras públicas que já apontaram para cá

Não é de hoje que os recursos naturais do Brasil chamam atenção do mundo. Aliás, foi por este motivo que as coroas europeias quiseram desbravar as terras daqui, no século 16. Assim, é necessário ter isso em mente quando abordamos as diferenças entre o contexto dos grandes incêndios que ocorreram no Brasil, em 2019, e dos grandes incêndios que estão ocorrendo na Europa, neste ano.

O caso no Brasil:

  • O tema ganhou os holofotes, principalmente, em 2019, quando vários focos de incêndios foram registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
  • Naquele mesmo ano, o ator hollywoodiano Leonardo DiCaprio foi às redes sociais para criticar as queimadas na Amazônia.
  • Por volta de 2020, a ativista sueca Greta Thunberg começou a disparar pela mídia que a culpa pela devastação da Amazônia era do Governo brasileiro.
  • Mas o caso mais sério foi quando o presidente da França, Emmanuel Macron, quis reunir o G7 para discutir e intervir na questão do desmatamento da Amazônia e no reflorestamento. Na época, em 2019, ele havia afirmado que a Amazônia é um bem comum do mundo. Vale também lembrar que, durante o ocorrido, Macron publicou uma fake news para gerar sensacionalismo: uma foto antiga de um incêndio na Amazônia tirada por Loren McIntyre, que morreu em 2003.

O caso na Europa:

  • A Europa enfrenta um aquecimento histórico, com temperaturas marcando entre 30ºC e 40ºC. Este ano, no Reino Unido, a temperatura foi superior ao recorde de 38,7ºC, registrado em 2019, no Jardim Botânico Cambridge. Espanha, França e Portugal registraram diversos incêndios florestais e alertas de perigo.
  • Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Espanha e Portugal já registraram mais de 1,7 mil mortes por causa deste cenário. Especialistas acreditam que este clima extremo será uma tendência para os próximos anos. O motivo do calor e dos grandes incêndios são as mudanças climáticas.

O que observar:

Apesar do quadro na Europa ser tão terrível, não há a mesma mobilização de figuras públicas internacionais e da mídia responsabilizando os Governos da Europa pelo que está ocorrendo, como aconteceu com o Brasil. Embora os incêndios ocasionados pelo calor sejam espontâneos (e não criminosos), não há uma cobrança da opinião pública ou de organizações contra as autoridades para controlar o que está acontecendo na Europa. Isso revela uma parcialidade quando o assunto é o Brasil.

  • Aliás, como observou o presidente Jair Bolsonaro, em 2019, incêndios florestais acontecem em todo o mundo e, por isso, não é possível culpar Governos neste sentido ou fazer “servir de pretexto para sanções internacionais”.

Conclusão:

  • Ao contrário do que foi exposto, na época, pela mídia que seguiu esse discurso internacional, apenas 5 países possuem 70% das áreas terrestres e marítimas nativas (e o Brasil está entre eles). A informação é da Universidade de Queensland em parceria com a Sociedade para a Conservação da Vida Silvestre.
  • Nas redes sociais, o presidente Bolsonaro fez um comentário para DiCaprio sobre o assunto. É possível conferir o conteúdo na íntegra aqui.
  • Desse modo, é por isso que ouve-se tanto essa narrativa de que a Amazônia é uma questão mundial e não de autonomia do Brasil. Há interesses geopolíticos e comerciais envolvidos no tema. E quando a mídia dá voz para as figuras públicas internacionais como Macron, Greta e DiCaprio sobre o assunto, ela só está ajudando a reforçar esta ideia. Ou seja, o objetivo, aqui, é justificar uma intervenção internacional na Amazônia e atacar a imagem do Brasil na comunidade do exterior. É uma guerra de narrativas.
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Colaborador

Da Redação / Foto: iStock