Presidiários ganham uma profissão e a chance de uma nova vida
Sem trabalho, 42,5% dos ex-detentos voltam a praticar crimes quando são soltos
No dia 18 de maio, seis presos do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul (RS) receberam um certificado que vale como passaporte para uma nova vida. Formados no curso de eletricidade predial e residencial, eles ganham a comprovação de que têm um ofício para que novas portas se abram no momento que cumprirem a pena ou progredirem de regime.
Este tipo de iniciativa é fundamental para a reinserção social dos egressos do sistema prisional. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 42,5% das pessoas com mais de 18 anos que já foram presas voltam ao sistema prisional por praticar novos delitos.
Com duração de 50 horas-aula, o curso foi oferecido pelo programa social Universal nos Presídios (UNP). As aulas foram ministradas por um voluntário que possui formação técnica e atua na área há quase 25 anos. O material utilizado para promover o aprendizado foi doado por duas lojas locais de material elétrico e também por outros voluntários.
“Um curso como este leva ao apenado uma nova oportunidade de se encaixar na sociedade, pois ele tem uma profissão. Sabemos da dificuldade que existe para que um ex-presidiário seja aceito na comunidade”, explica Charles Almeida Aguiar, responsável pela UNP no Rio Grande do Sul.
Charles conta que um detento da Penitenciária Estadual de Porto Alegre (Pepoa) relatou que o curso de barbeiro, que a UNP também está oferecendo, é o primeiro com viés profissionalizante que ele faz em 40 anos e será sua primeira profissão também. “Ele nos disse que só sabia roubar, matar, assaltar e traficar.”
Atualmente, a UNP do Rio Grande do Sul tem dois cursos em andamento: de barbearia, na Pepoa, com dez alunos; e de corte e costura, no anexo feminino do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, com seis alunas.
Os critérios para a escolha dos presos que frequentarão as aulas são definidos pela direção dos presídios e um deles é o bom comportamento do detento.
Trajetória
O programa social Universal nos Presídios surgiu há mais de 30 anos e atua nas penitenciárias masculinas e femininas de todo o Brasil.
Além disso, atualmente, o trabalho da UNP está presente em 55 países nos cinco continentes.
Em 2020, no Brasil, foram atendidos 1.434.978 detentos, familiares e funcionários.
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