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Sobre renúncias

Os minutos corriam e eu não queria que aquele dia terminasse. Na verdade, não queria que a noite chegasse. Durante todo aquele dia refleti sobre ele, sobre o que faria para tomar coragem. E a minha aflição aumentava sempre que eu olhava para ele.

Eu nunca havia usado aquele colar de pérolas brancas. Era uma bijuteria, é bem verdade, mas era bem bonito e especial, pois havia ganhado de alguém por quem tenho muito respeito. Nesse dia eu resolvi levá-lo a uma viagem. Não sei por que, mas acreditava que o usaria. Por alguma razão ele deveria estar comigo, e então o guardei junto aos outros pertences.

Naquela viagem, que não se tratava de um passeio qualquer, mas de um encontro de mulheres que se reuniram para falar das coisas de Deus, pude entender um pouco sobre o valor que todas nós devemos nos dar.

É engraçado como sempre ouvimos que a mulher deve se respeitar e amar, mas isso não é possível se antes não estivermos imersas no Amor de Jesus. Porque é o Seu Amor dentro de nós que nos faz perceber o quão valiosas somos. É o Seu Amor incondicional dentro de nós que nos faz olharmos de outra maneira para nós, com olhos mais brandos em vez daqueles agressivos e cheios de críticas.

E naquele lugar calmo e aconchegante, cheio de mulheres sedentas por crescer mais em Deus, também aprendemos sobre como é importante renunciar. Interessante como essa palavrinha mexe tanto com a gente, é incrível como ela abala a nossa estrutura a ponto de nos fazer ruir com lágrimas.

Foi isso o que aconteceu comigo ali.

A proposta foi a seguinte: devíamos pegar algo que tinha uma grande importância sentimental para nós e entregarmos para outra pessoa – que talvez nem conhecêssemos. Na hora pensei em pegar qualquer objeto guardado na minha bagagem, mas o meu pensamento logo se dirigiu ao colar. Não consigo nem descrever a sensação… Logo ele, que nunca havia sido usado e havia separado justamente para estrear na festa que teríamos logo mais à noite. Que sofrimento passei! Pensei na pessoa que havia me presenteado, no carinho com que eu o guardava… Mas, ao mesmo tempo, entendia detalhe por detalhe e, na prática, o real sentido de renúncia.

Renunciar… Que coisa difícil! Mas não foi exatamente isso o que Deus Pai fez? Existe renúncia maior do que entregar o Único Filho em prol de “desconhecidos”? Mas o Amor do Pai foi tão grande que fez essa troca. Entregou o Próprio Filho para que muitos outros filhos e filhas fossem feitos nEle. E hoje estamos eu e você desfrutando desse Amor incondicional. J J

Embrulhei o meu colar com carinho e chorei. Chorei enquanto orava pedindo forças Àquele que renunciou primeiro, e que também para que separasse a pessoa que receberia o presente.

Na hora do desafio, saí andando por entre o corredor de cadeiras e moças de pé aguardando para serem presenteadas. Eram tantas, mas meus olhos não cruzaram os olhos de nenhuma até que encontrei a jovem que o ganharia. Ela estava quietinha, mas parecia que gritava. Fui até ela e a abracei. Entreguei meu presente com dor, mas na certeza de ter feito a coisa certa.

E assim o colar se foi. Mas sabe aquela sensação de saber que você não perdeu, de que na verdade ele foi entregue para ser guardado num cofre ultra seguro? Foi assim que me senti e me sinto sempre que Lhe obedeço. Porque segurança e confiança são os primeiros sinais que surgem quando renunciamos por Amor e obediência a Ele.

imgo (1)

Jaqueline Corrêa