A carga horária de trabalho do brasileiro é, em média, de 39 horas semanais, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Isso significa que boa parte da população cumpre aproximadamente oito horas de expediente. Esse é um período de tempo significativo e é natural que seja criada uma convivência mais próxima entre os colegas.

É nesse ambiente e não só no horário do almoço que histórias, desafios e conquistas são compartilhadas. No entanto nem todos estão dispostos a trabalhar de forma colaborativa. Quando o foco está apenas nas próprias necessidades, os conflitos surgem, desgastam os relacionamentos e transformam situações simples em problemas recorrentes.

Regra ou bom senso? 

É importante entender que o ambiente de trabalho é composto por pessoas com os mais diversos perfis. Algumas têm nível de formação mais elevado, outras menos; há os que foram criados com mais disciplina e os que receberam menos orientação; alguns são muito experientes, enquanto outros estão começando a carreira. No entanto, independentemente dessas diferenças, todos precisam entender que o local de trabalho possui suas próprias regras de conduta, muitas vezes não explícitas, mas o bom senso e o respeito mútuo precisam ser considerados.

“Pequenas atitudes, como interrupções constantes, falta de pontualidade ou uso inadequado de canais de comunicação, minam a confiança e o clima organizacional. E, com o passar do tempo, impactam diretamente a performance”, cita Samuel Modesto, mentor de negócios e fundador do Grupo SM.

Em contrapartida, a etiqueta no ambiente de trabalho é uma ferramenta estratégica para manter as equipes unidas e motivadas. “Ela não tem a ver com formalidades vazias, mas com respeito, empatia e inteligência relacional. Um ambiente onde há clareza nos limites, gentileza na comunicação e consciência do espaço do outro tende a ser mais produtivo e menos propenso a conflitos.”

Diferenças geracionais 

Dentro do mercado de trabalho atual um dos grandes desafios é o relacionamento entre pessoas de diferentes gerações. Segundo o relatório Tendências de Gestão de Pessoas 2024, cerca de 51,6% do mercado enfrenta desafios ao lidar com diferentes faixas etárias. Esse índice sobe para 68,1% quando envolve pessoas da geração Z (nascidas entre 1996 e 2010). “Gerações anteriores valorizam hierarquia e formalidade; enquanto as mais novas tendem a priorizar autenticidade e horizontalidade. O desafio é criar um ambiente onde o respeito mútuo prevaleça, independentemente da idade. O papel do líder é construir pontes, estabelecer regras claras de convivência e ser o exemplo de equilíbrio entre tradição e flexibilidade”, diz Modesto.

Dê o primeiro passo

Adequar o comportamento individual ao ambiente de trabalho não significa se anular ou perder sua personalidade, mas, sim, ter consciência de que é preciso pensar no coletivo. É possível manter a autenticidade sem invadir o espaço do outro, ser criativo sem agir com imprudência e ser direto sem soar agressivo. Saber ajustar sua postura e sua comunicação ao contexto também é uma habilidade importante.

“A chave é encontrar um equilíbrio entre respeitar as regras e expressar sua personalidade de forma positiva. Seja você mesmo, mas sempre com respeito e consideração por todos”, destaca Carla Sanches, gerente administrativa do Grupo KSL. Para ela, aprender a se colocar no lugar dos outros nos faz pensar duas vezes antes de criticar ou mesmo fazer certos tipos de brincadeira. “Entender e respeitar as perspectivas dos colegas pode melhorar significativamente a convivência e a colaboração”, conclui.

É bom lembrar que a mudança deve partir de cada indivíduo, sem esperar que o outro tome a iniciativa. Por que você não pode ser o pioneiro da etiqueta no seu ambiente de trabalho?

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