Uma homenagem em meio à guerra

Diante da pandemia causada pelo novo coronavírus, o Grupo da Saúde faz homenagem aos profissionais da área na entrada dos hospitais

Imagem de capa - Uma homenagem em meio à guerra

Eram 8 horas da manhã do dia 12 de maio, uma terça-feira, quando os profissionais de saúde do Hospital Moriah, localizado no bairro de Moema, em São Paulo, foram surpreendidos pelos agentes do bem-estar – como são conhecidos os voluntários do Grupo da Saúde – do Templo de Salomão. Eles fizeram dos 15 minutos seguintes uma oportunidade para homenagear os profissionais com presentes e, principalmente, palavras de ânimo e Fé. A escolha não foi por acaso: a data é conhecida mundialmente como o Dia Internacional da Enfermagem. Contudo os voluntários aproveitaram para homenagear não só os enfermeiros, mas todos os integrantes da equipe de saúde.

A mesma homenagem aconteceu em várias cidades do Brasil, como no Recife, em Pernambuco. Por lá, os agentes se dirigiram ao Hospital da Restauração e Procape, às 18 horas, como relata a voluntária Lindiner Cristina Lima Alves da Silva, de 38 anos, que participou da iniciativa. “Preparamos com muito carinho um kit para os profissionais. Colocamos uma caneta para que, em meio a tantas lutas, possam registrar cada momento enfrentado e alguns bombons para que, nos momentos amargos, possam encontrar algo para adoçar a vida de alguma forma”, detalha.

Ela acrescenta que uma mensagem bíblica também foi deixada para eles, em contraponto a tantas notícias ruins que recebem: “Porque aos teus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.” (Salmos 91.11).

Lindiner conta como foi a reação dos profissionais: “percebemos o quanto se sentiram especiais. Alguns até choraram por termos nos lembrado deles. Infelizmente, nem todas as pessoas reconhecem a importância do trabalho que eles fazem e, com essa simples homenagem, puderam ver o quanto são importantes para nós. Não importa o quão simples ela foi, pois sempre será algo recebido com muita alegria por saberem que foram lembrados e amados de alguma forma. Saímos de lá com a sensação de dever cumprido.”

As homenagens aconteceram durante todo o mês de maio. No dia 16, um sábado, no Hospital Pompéia, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, a homenagem ocorreu na calçada do hospital. Os agentes seguravam cartazes em que estava escrito “Não desistam” e “Nós estamos com vocês”, cantaram e oraram por todos. Das janelas do hospital, os profissionais de saúde agradeciam e, no final da ação, foram presenteados com exemplares do livro Eu Venci a Depressão, escrito pela médica Eunice Higuchi.

Membro do hospital da cidade administrativa Padre Alfredo Barbosa, em Cabedelo, na Paraíba, o profissional da saúde José Júnior agradeceu o grupo pelo reconhecimento, sobretudo, em pleno Dia Internacional da Enfermagem. “Os outros profissionais passam pelo paciente, mas a enfermagem fica. Esse profissional de saúde está ao lado da pessoa desde o nascimento até a morte e 24 horas à beira do leito assistindo cada paciente. Gostaria de agradecer o Grupo por nos oferecer, nessa época de pandemia, um dia diferente e um momento de reconhecimento.”

Cuidando de quem cuida
O Grupo da Saúde oferece apoio espiritual a pacientes, familiares e profissionais de saúde. O responsável pelo trabalho do grupo no Brasil, Eduardo Ribeiro, esteve na homenagem no Hospital Moriah e contou à Folha Universal que sempre houve a preocupação do grupo de cuidar dos que cuidam de nós. E, por isso, pensou em retribuir de alguma forma o esforço dos que estão na linha de frente da pandemia.

Ele também falou da importância da iniciativa: “muitos profissionais se veem pressionados tanto pela demanda de trabalho como por se acharem incapazes de ajudar e salvar o próximo, embora tenham conhecimento e experiência. Muitos estão afastados da família há meses e acampados em hospitais. Eles precisam saber que não estão sozinhos, que há alguém ao lado deles, que somos nós. O grupo se mobilizou para reconhecer o desempenho de todos e essa oportunidade não poderia passar em branco”, afirma.

Surgem todos os dias notícias sobre o esgotamento físico e a saúde emocional dos profissionais de saúde e que eles também lidam com inseguranças, depressão e crises de ansiedade. “Na Inglaterra houve o caso de um médico que ao testar positivo para o novo coronavírus se matou. Creio que ele poderia ter se curado, mas, pelo desespero de contaminar outras pessoas, ele tirou a própria vida, que era tão preciosa ainda mais considerando que já são poucos profissionais. Perdemos, além de mais um profissional, uma alma valiosa”, comenta Eduardo.

Em tempos de isolamento, a aproximação
Desde abril, os agentes do bem-estar estão impedidos de entrar nos hospitais como costumavam fazer, mas eles se posicionam na porta das unidades de saúde e oram pelos pacientes, familiares e equipe. O cordão humano, devidamente mascarado e respeitando o distanciamento social, chama a atenção e reforça que os braços estão estendidos para alcançar a todos, independentemente da crença religiosa.

Para superar as dificuldades, o responsável do Grupo da Saúde fala de uma lição que está em Mateus 8. 23-27. É a história do Senhor Jesus no barco com os discípulos quando aconteceu uma grande tempestade. Amedrontados, os discípulos O acordaram pedindo socorro.

De certa forma, desconheciam Quem estava no barco, tanto que Jesus afirmou que eles eram de Fé pequena. Eduardo comparou aquela situação à de hoje: “estamos no meio de uma pandemia e a tempestade é a mesma para todo mundo. No entanto, mesmo com incertezas, não há motivo para temer porque Deus não nos deixa sós. Se estiver precisando do Médico dos Médicos, não deixe de buscar ajuda. Ainda que o mundo não lhe dê valor, Deus lhe dá. Ele te chama de Filho amado”, finaliza.

imagem do author
Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Cedidas