Traição: não é a carne que é fraca

Quando o assunto é infidelidade conjugal há muito mais coisas por trás dessa tal fraqueza

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A frase “a carne é fraca” costuma ser usada como justificativa por quem diz que não consegue resistir à tentação de trair o parceiro ou a parceira. Mas, por trás dessa desculpa, há muito mais questões quando se trata de infidelidade conjugal.

Traição é um assunto tão comum, sensível e polêmico que em 2022 um aplicativo de relacionamento resolveu fazer uma pesquisa sobre infidelidade e o Brasil ficou em primeiro lugar: é o país mais infiel na América Latina. Além disso, a pesquisa mostrou que sete em cada dez brasileiros consideravam possível trair a pessoa, apesar de amá-la.

Causas e consequências do problema

Vingança, tentativa inadequada de chamar a atenção, curiosidade ou problemas conjugais são alguns argumentos que uma pessoa usa para trair. Apesar de os motivos serem diferentes, segundo a psicóloga Veruska Ghendov, a raiz é a mesma: o descontrole emocional, o qual leva a pessoa a uma fuga. Assim, em vez de resolver suas dificuldades, a pessoa prefere buscar alguém para se distrair das questões pendentes. “As pessoas não foram treinadas a assumir as consequências de suas ações e, por esse motivo, vivem fugindo das realidades que criam. Além disso, as pessoas tentam projetar suas ações por meio da atitude do outro, transferindo uma culpa que, na verdade, é de quem tomou a decisão errada”, analisa.

Filhos adoecidos

E se engana quem pensa que as consequências de uma infidelidade se resumem apenas à separação. Veruska explica que muitos problemas ocorrem quando um casal passa por essa situação e que, quando há filhos, os problemas aumentam: “Os filhos adoecem emocionalmente pela pressão da situação e pelas sequelas de todo o processo. O número de filhos que apresentam quadros de depressão aguda é alto”.

O lado espiritual

Com base em sua experiência trabalhando na restauração de casais, o Bispo Renato Cardoso, apresentador do programa The Love School – Escola do Amor, exibido aos sábados na Record, explica que a traição é um comportamento que “faz parte da natureza humana, que pede pelos desejos da carne, pela infidelidade, pela atenção, etc. Aliado a isso há ainda o fator espiritual, já que o diabo promove tudo isso para destruir casamentos e famílias”.

Por isso é tão comum ouvir relatos de pessoas com condutas ilibadas em outras áreas da vida, mas que, em algum momento, cederam a esse comportamento e não conseguem explicar o motivo. “Essa falta de compreensão sugere que a traição não é apenas uma questão moral, mas também um fenômeno de natureza espiritual”, destaca o Bispo.

E, ao contrário do que muitos pensam, o adultério começa com olhares e pensamentos de cobiça. “Segundo os ensinamentos de Jesus, o adultério não começa na cama, mas, sim, no coração e na mente. Assim, permitir-se fantasias e pensamentos de traição já é um passo rumo ao ato em si”, diz o Bispo.

Recomeçar é possível

Para Veruska, é importante entender que não existe mágica, afinal, problemas de relacionamento têm raízes que precisam ser tratadas. Para evitar a infidelidade ou reparar um erro, segundo ela, é necessário ter autoconhecimento. “Precisamos entender as emoções que apresentamos, os sintomas emocionais frente às dificuldades que possam acontecer e desenvolver ferramentas de inteligência emocional para enfrentamento e não para a fuga dos
problemas”, orienta.

Depois que uma traição ocorre, independentemente de o casal resolver continuar ou não junto, o Bispo Renato enfatiza que a verdadeira mudança só ocorre quando o coração humano é transformado por Deus em um novo coração. “Busque ajuda emocional e espiritual, trabalhe primeiro em si mesmo antes de tentar restaurar o relacionamento, aprenda a perdoar, mesmo que não continue com a pessoa, e, por fim, invista no seu crescimento emocional e espiritual”, conclui.

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Colaborador

Núbia Onara / Fotos: toshimself\gettyimages