Tempo livre de sobra é bom mesmo?

Resultados de estudos científicos podem surpreender você

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São cada vez mais comuns as reclamaçõse de falta de tempo. Frequentemente, dizemos ou ouvimos alguém dizer que “não tem tempo para nada”. A correria do dia a dia gera descontentamento. Quase todos parecem cansados demais e sem condições de se dedicar a projetos pessoais, como estudos e viagens. Muitos nem sequer conseguem dar atenção à família. E, diante de tudo isso, a impressão que fica é de que “não ter de fazer nada” é a solução para os problemas.

Viver no ócio costuma ser o sonho de quem tem uma rotina repleta de estresse.

No entanto essa ideia está sendo contestada cientificamente. Ao que parece, as consequências de ter tempo de sobra podem não ser tão benéficas quanto se imagina. Uma pesquisa divulgada recentemente no periódico científico Journal of Personality and Social Psychology aponta que o tempo livre em excesso pode diminuir as boas sensações advindas da combinação de conforto, saúde, segurança e contentamento para cada indivíduo.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, resgataram dois antigos estudos. A partir deles, analisaram a relação entre bem-estar e tempo livre. O primeiro deles foi realizado entre 2012 e 2013. Nele, 21 mil participantes contavam o que haviam feito nas 24 horas imediatamente anteriores à entrevista e quanto tempo tinham gasto em cada tarefa, além de descreverem como se sentiam naquele momento.

O segundo estudo incluía dados de 13 mil participantes, coletados entre 1992 e 2008, com questões relacionadas ao tempo livre que cada um dispunha e ao nível de satisfação em sua vida. Cada participante respondia o questionário utilizando uma escala de 1 a 4, sendo que “1” representava insatisfação e “4” representava muita satisfação.

O resultado inesperado
Os pesquisadores verificaram que o período diário de duas horas de lazer parecia ser positivo para os indivíduos, mas os benefícios cessavam quando o tempo de ócio ultrapassava cinco horas. De acordo com os resultados, a queda do bem-estar em pessoas com muito tempo livre ocorria por causa da falta de senso de produtividade e propósito, ou seja, quem tem mais tempo para “ficar sem fazer nada” se sente infeliz e até estressado justamente por não ter o que fazer nem estar engajado em nenhuma tarefa.

Isso foi reforçado por dois experimentos on-line que reuniram dados de mais de seis mil voluntários. Os participantes que receberam as sete horas diárias para serem gastas em tempo improdutivo relataram baixo nível de bem-estar.

A partir dessas conclusões, os estudiosos reforçam a importância de manter o equilíbrio e adicionar à rotina atividades físicas ou mentalmente envolventes, além de atividades sociais e que envolvam a família e os amigos.
Em outras palavras, jogar tempo fora é também abrir mão da boa saúde – e da própria vida.

O que não foi dito sobre o tempo
O Bispo Renato Cardoso já fez reflexões sobre o uso do tempo. De acordo com ele, “a falta de tempo parece ser o principal motivo de a maioria das pessoas não conseguir realizar tarefas importantes no dia a dia, como atividade física, leitura bíblica, passear com a família, ir à igreja, entre outras. Os mais disciplinados dirão que isso não passa de uma desculpa. Contudo essas pessoas estão certas quando alegam que não têm tempo porque, na verdade, nenhum de nós o tem. O tempo é que nos possui”.

Por isso, a própria Bíblia relata que “as mãos diligentes governarão, mas os preguiçosos acabarão escravos.” (Provérbios 12.24). Essa escravidão envolve não necessariamente submissão a outros, que conquistarão mais por trabalharem, mas, principalmente, a submissão a si próprio: o ocioso é escravo de suas más escolhas.

O Bispo destaca que quando alguém não honra o Dono do Tempo paga o preço: “você desperdiça o tempo e o tempo desperdiça você. Você precisa aprender como utilizar bem o seu tempo. Uma das coisas mais importantes que eu já aprendi sobre o tempo é que ele é sempre agora. Isso significa que eu preciso aprender a usá-lo agora! Ontem e amanhã nunca estão aqui, é sempre hoje!”. E jogar o hoje fora é jogar fora a própria vida.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Arte: Eder Santos