Surtos de sarampo e pólio voltam a acontecer no Brasil

Campanha de vacinação espera erradicar ao menos 80% dos vírus

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Por conta dos casos recentes de poliomielite e surtos de sarampo em julho no Brasil, até o dia 31 de agosto acontece a Campanha Nacional de Vacinação contra essas doenças. Segundo o Ministério da Saúde, trata-se de uma ação de mobilização.
Até o momento foram confirmados 872 casos no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará e Rondônia, mas a concentração é na Amazônia (519) e em Roraima (272). Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-
Americana da Saúde a certificação por eliminar o vírus do sarampo e em 1994 foi declarado livre do poliovírus. No entanto a falta de interesse da população e a ineficácia das campanhas de vacinação deixaram o País em uma situação complicada.
O Ministério da Saúde expressou preocupação com a baixa cobertura vacinal da poliomielite – não erradicada no mundo – em 312 municípios, já que a taxa é menor do que 50% e deveria ser de 95%.
Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, considera que o problema não é a falta de orçamento em saúde ou a escassez de vacinas, mas a pouca atenção dada a essas doenças. “As pessoas não as consideram graves. Muitos pais jovens nem conhecem a pólio ou o sarampo.” Outros pontos seriam a dificuldade de acesso aos postos de saúde por causa do horário de atendimento e o fluxo de imigrantes venezuelanos nos Estados do Norte do País. “Crianças não vacinadas estão suscetíveis à doença. Muitos estrangeiros com sarampo estão entrando no País e os brasileiros que viajam para países onde há sarampo também contribuem”, diz Isabella.
Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra e neonatologista, alega que houve graves falhas vacinais no Brasil. “A culpa não é só do governo. Nós misturamos brasileiros e estrangeiros sem vacinação e criamos uma bola de neve.”
Problema sério
O Brasil estava livre de sarampo há três anos. A doença é viral e o contágio ocorre por meio de secreções respiratórias (tosse, espirro, etc.). Ela pode ocasionar pneumonia, problemas neurológicos e retardo mental e já foi a principal causa de mortalidade infantil
no mundo.
A poliomielite tinha sido eliminada do Brasil há 28 anos. A doença ataca nervos musculares causando paralisia e em alguns casos a morte. Ela é transmitida por secreções respiratórias ou pelo contato com fezes contaminadas.
A pólio e o sarampo não têm cura, mas podem ser evitados com a vacinação. No dia 26 de julho, o Ministério de Saúde se reuniu com as Sociedades Brasileiras de Pediatria, Imunizações e Infectologia para assinar um manifesto alertando o Brasil para a necessidade de reagir ao problema.
A principal preocupação das instituições não são as fake news nem os antivacinistas, mas convencer a população a fazer a vacinação. “Cada município deve facilitar o acesso das pessoas às vacinas e mapear quais cidades têm cobertura baixa”, conclui Isabella.

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Colaborador

Katherine Rivas / Foto:Fotolia/ Arte: Edi Edson