Representação de Jesus com roupa íntima gera revolta e mobiliza parlamentares
Ato em Porto Alegre levanta debate sobre respeito à fé cristã e liberdade de expressão
Uma apresentação realizada no pré-Carnaval de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, provocou forte indignação entre cristãos e lideranças religiosas. Durante o evento, um folião representando Jesus Cristo fez um strip-tease ao som de uma marchinha carnavalesca que incentivava a retirada de sua roupa. A encenação gerou uma onda de protestos, manifestações de repúdio e até mesmo uma denúncia formal ao Ministério Público Federal.
O episódio reacendeu debates sobre o respeito às crenças religiosas e os limites da liberdade de expressão, envolvendo também a Unisinos, uma universidade jesuíta, que foi associada à polêmica devido à suposta participação de uma ex-professora da instituição na divulgação do vídeo.
O que você precisa saber:
O episódio ocorreu no domingo, 26 de janeiro, durante a apresentação do “Bloco da Laje”, em Porto Alegre. No evento, um homem representando Jesus dançou e tirou suas vestes até ficar apenas de fio-dental, enquanto a multidão entoava a canção: “Vamos tirar, vamos tirar, vamos tirar Jesus da cruz… Eu tô pregadão…”
A repercussão foi imediata. Cristãos e lideranças religiosas consideraram a performance uma afronta direta à fé e um desrespeito à crucificação, um dos símbolos centrais do Cristianismo.
O Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR), em parceria com a Frente Parlamentar em Defesa da Liberdade Religiosa da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, publicou uma Nota de Repúdio, classificando a performance como um ato de escárnio religioso. O documento destacou que cerca de 90% da população brasileira se identifica como cristã, totalizando aproximadamente 190 milhões de pessoas, e que a fé desse grupo deve ser respeitada.
Denúncia ao MPF:
A Unisinos, universidade privada de tradição jesuíta, também foi envolvida na polêmica, pois internautas afirmaram que uma de suas professoras teria compartilhado o vídeo da performance. Diante da pressão pública, a instituição emitiu um comunicado esclarecendo que a profissional não fazia mais parte do quadro de docentes há mais de um ano. A universidade também repudiou a propagação de informações falsas e reafirmou seu compromisso com a fé cristã e a ética.
Além disso, o deputado federal Gilvan Máximo (Republicanos-DF) anunciou a formalização de uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) por vilipêndio e racismo religioso, cobrando punições aos responsáveis pelo ato.
Nota de Repúdio da Unigrejas, veja na íntegra:
A UNIGREJAS – União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos manifesta sua reprovação ao ato de escárnio ocorrido durante a abertura do Carnaval de Porto Alegre/RS, em 26 de janeiro de 2025, promovido pelo Bloco da Laje.
No evento ocorrido na capital gaúcha, uma representação sacrílega de Jesus Cristo despiu-se de forma obscena ao som de cânticos zombeteiros, proferindo letras que profanavam: “Vamos tirar, vamos tirar, vamos tirar Jesus da cruz. Eu tô pregadão, eu tô pregadão”. Este ultraje não apenas ridiculariza a figura de Jesus e a crucificação, sagradas para a imensa maioria dos brasileiros cristãos, mas também desrespeita profundamente seus sentimentos religiosos.
A arte, quando verdadeiramente enriquecedora, serve como catalisador de reflexão cultural. No entanto, quando utilizada para fomentar o desrespeito e a intolerância, transforma-se em uma ferramenta de violência simbólica. A escolha do Carnaval como palco para tal afronta não diminui sua gravidade, mas sim a amplifica, dada a imensa visibilidade do evento e seu impacto sobre a sociedade.
O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 208, claramente estipula o escárnio de símbolos religiosos como um crime contra os sentimentos religiosos. Além disso, a Lei 7.716/89, que versa sobre o crime de Racismo, também tipifica tais atos como discriminatórios e incitadores de preconceito religioso.
A injúria à fé alheia, sob a máscara da expressão artística, se não for prontamente repreendida, pode destruir os alicerces da convivência pacífica entre as diferentes religiões e o respeito mútuo, fundamentais para a harmonia social.
Assim sendo, a UNIGREJAS – União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos expressa seu mais veemente repúdio a este ato de desrespeito e ofensa à liberdade religiosa, convocando as autoridades competentes a investigarem este incidente e tomarem as medidas necessárias.
São Paulo, 28 de janeiro de 2025.
Bp. Celso Rebequi
Presidente da UNIGREJAS