Quais marcas a vida deixou em você?

Edison Gaia carrega as marcas de um passado cheio de humilhações, desprezo e miséria. Hoje, essas feridas já não representam dor, mas testemunham o poder transformador que Deus fez em sua vida

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Todos nós carregamos marcas deixadas pelo tempo, sejam elas consequência de nossas escolhas, sejam fruto da crueldade do mundo. Algumas ficam visíveis e são resultado de uma agressão, um acidente ou uma briga. Mas há outras, mais profundas, que ninguém vê: são as marcas na alma, como feridas causadas por rejeições, abusos, perdas, decepções e traumas que, embora invisíveis, doem internamente.

E assim como uma ferida aberta no corpo pode infeccionar se não for tratada, as emocionais também podem se tornar graves. Elas alimentam sentimentos de mágoa, ódio, revolta e desejo de vingança, que, por sua vez, levam a escolhas destrutivas e afastam ainda mais a pessoa da paz que tanto procura.

A mudança de que você precisa

Muitos, diante da dor na alma, acreditam que não há mais saída. A culpa pelos erros cometidos consome a paz a ponto de elas acharem que não existe mais solução. Mas não é a verdade. Deus deixa claro em sua Palavra: “Eis que faço novas todas as coisas” (Apocalipse 21:5) e Ele está pronto para escrever um novo capítulo na vida daqueles que creem.

Para os que duvidam e dizem “só acredito vendo”, a Folha Universal apresenta a história de Edison Gaia, de 54 anos. Abandonado pela família, ele morou na rua e viveu as mais diversas situações: brigas, doenças, fome, sede e frio, mas encontrou em Deus a porta para uma nova vida.

As marcas do abandono

A maior parte da minha vida foi marcada pelo abandono. Nunca conheci meu pai e, aos 14 anos, fui deixado também por minha mãe. Sozinho no mundo, encontrei abrigo nos vícios. Comecei a beber, a fumar, a usar drogas e a me envolver em muitos caminhos errados. Me relacionei com uma mulher que, além de ser usuária, também traficava. Passei a ajudá-la e, com isso, afundei ainda mais na criminalidade e na autodestruição.

Primeiro contato com o crack

Depois de uma traição, o relacionamento chegou ao fim e, com ele, também desmoronei. Me lancei no mundo sem rumo e passei a viver nas ruas da cidade de Vigia, no Pará. Foi ali que conheci o crack. Eu era desprezado pela sociedade e até por familiares, que moravam perto, mas tinham vergonha de mim. Vivendo nas ruas, fui agredido várias vezes e, ao longo dos anos, cresceu dentro de mim a certeza de que eu não tinha valor e de que eu só merecia a morte.

Dormindo em meio a ratos e urubus

Eu dormia onde dava, inclusive debaixo de um pier. O lugar era tomado por lixo, ratos, urubus e a água subia de repente. Me lembro que fui mordido por ratos três vezes. Em uma das madrugadas, a maré subiu tão rápido que, quando percebi, a água já estava no meu pescoço. Quase morri afogado. Consegui sair dali todo encharcado, ainda mais sujo.

Briga para comer lixo

Dificilmente as pessoas me davam comida, então eu costumava me alimentar do lixo e beber água das valas. Muitas vezes, ia até a feira e pegava frutas podres para matar a fome. Era um verdadeiro inferno. Certo dia, eu estava cozinhando cabeça de peixe numa lata de tinta e um homem pediu um pouco, eu respondi que faltava algo para completar a refeição, ele entendeu mal e chutou aquela lata na minha direção, o que queimou o meu corpo. A pele chegou a apodrecer e minhas pernas encolheram a ponto do médico dizer que eu ficaria aleijado.

Desejo de matar e morrer

Maior do que dor física era a dor na alma. Eu carregava a dor do desprezo, da solidão e do abandono. Afundei em uma depressão tão forte que os pensamentos de morte se tornaram constantes. Sentia desejo de vingança e acreditava que tirar minha própria vida era a única saída. Em um desses momentos de desespero, me joguei de uma ponte. Caí com força e machuquei a cabeça.

Sem limites para bebidas e drogas

Eu queria morrer, então não tinha limites para nada, nem para as drogas, nem para a bebida. Mesmo cuspindo bolas de sangue por causa de um problema de saúde, eu continuava bebendo e buscando a morte. Em uma ocasião, um traficante ofereceu cinco pedras de crack para quem bebesse um copo de gasolina. Eu e outro rapaz aceitamos o desafio. Bebi tudo de uma vez e fiquei bem, mas ele morreu.

Destruição estampada no rosto

Em troca de drogas, eu ainda deixei que marcassem a minha pele. Para mim, naquela época, eu achava que não tinha nada a perder e, por isso, deixei que fizessem uma lagartixa, um olho, um risco no meu rosto e um relógio no meu pulso. Nos dias seguintes, meu rosto inchou e a dor era intensa. Mas nada doía mais do que o que aquelas marcas representavam: um reflexo de como a droga tinha me destruído.

Humilhação, dor e sofrimento

Morei na rua por 20 anos. Nesse tempo, fiz muitas escolhas erradas e também sofri demais. Dormia na chuva, sem proteção alguma. Já jogaram água gelada em cima de mim e uma vez até lançaram uma bomba, que me deixou surdo por três meses. Levei uma facada na perna e outras duas bem próximas do coração. Eu não tinha nem um minuto sequer de paz.

O desejo de recomeçar

Quando eu estava sóbrio, vinha uma dor muito grande no meu interior. Nessas horas, eu clamava a Deus. Pedia que Ele não deixasse que eu morresse daquele jeito e que enviasse alguém para me tirar daquela vida. Eu só queria uma chance de recomeçar. Então, voluntários
da Universal se aproximaram de mim, se apresentaram e me convidaram para uma reunião. Eles me levaram para a igreja de carroça.

Em busca da Justiça de Deus

Sem entender muito bem, nas primeiras reuniões eu cheguei a levar bebidas e drogas para a igreja. Mas continuei indo, até que um dia foi como se o pastor estivesse falando apenas comigo. Ele disse que para Deus eu tinha valor e que tinha jeito para a minha vida, mas primeiro eu teria que buscar o Reino de Deus e a sua Justiça e foi o que eu fiz. Aceitei aquela Palavra e deixei que Deus trabalhasse no meu interior.

Da libertação ao recebimento do Espírito Santo

Eu tive que abrir mão da mágoa, dos ressentimentos e do ódio. Coloquei a minha vida por completo no Altar, inclusive meu passado, e comecei a ver o poder de Deus. Deixei de morar na rua e fui morar numa casa que me emprestaram. Coloquei ainda mais força para me aproximar de Deus. Eu me libertei dos vícios, da depressão e daquele desejo de morrer. Em uma vigília, recebi o Espírito Santo. Saí dali uma nova pessoa, nasceu uma alegria e uma vontade imensa de falar do Senhor Jesus aos que estavam sofrendo.

Restauração completa

Com o Próprio Deus habitando em mim, as portas começaram a se abrir. Consegui alugar uma casa, arrumei um emprego e, algum tempo depois, já tinha meu próprio lar. Eu, que nunca tinha ido à escola, aprendi a ler e a escrever na igreja. Minha saúde foi restaurada e até minha vida amorosa foi transformada. Uma das evangelistas que me falou de Jesus nas ruas e me levou para a igreja se tornou minha esposa. Hoje servimos a Deus juntos. Eu posso dizer que Deus me deu uma nova vida.

As marcas do mundo e a marca de Deus

As ofertas do mundo quase sempre vêm disfarçadas de boas oportunidades para alcançar a tão desejada felicidade. Elas prometem prazer, liberdade e realização, mas entregam apenas alívios passageiros, que logo se transformam em frustração e marcas profundas na alma.

Assim como não podemos reescrever o passado, as marcas deixadas pelo mundo também não podem ser apagadas ou simplesmente esquecidas. Mas isso não significa que não possam ser curadas. A verdadeira cura acontece quando a pessoa decide deixar para trás tudo o que viveu e se entrega a Deus a fim de receber a Sua marca: o Espírito Santo.

“O Espírito Santo é chamado de ‘Espírito da Promessa’, pois havia sido anunciado no Antigo Testamento como o precioso presente do Altíssimo aos Seus filhos (Isaías 32:15 e 44:3; Joel 2:28; e Zacarias 12:10). Quem O tem recebe a marca de Deus dentro de si. Desse modo, comprova que pertence ao Senhor Jesus e que tem autoridade e poder para testemunhar com a própria vida
que Ele está vivo!”

Texto extraído da Bíblia Sagrada com as Anotações de Fé do Bispo Edir Macedo, referente a Efésios 1:13, disponível na Bíblia Fiel Comentada

A decisão de seguir em frente

É muito comum que em meio aos erros e fracassos da vida as pessoas culpem terceiros. Enquanto insistem nesse comportamento, seguem dando desculpas para não mudar. A verdade é que, infelizmente, não temos o poder de alterar o passado ou de impedir que as pessoas nos machuquem, podemos, porém, decidir seguir em frente pela fé.

A caminhada com o Senhor Jesus acontece apenas por meio da entrega completa de vida e isso se traduz em abandonar o erro, se arrepender, perdoar e obedecer a Deus. Veja que abandonar, se arrepender, perdoar e obedecer são ações e não emoções, ou seja, a mudança depende de uma decisão e não de sentimentos.

Essa é a decisão que muda o rumo de toda a vida, porque representa entregar o controle dela ao Senhor Jesus. Quando Ele se torna a prioridade, as escolhas deixam de girar em torno de satisfazer o próprio coração e passam a ter como foco agradar a Deus. Essa mudança de direção exige sacrifício diário. E não poderia ser diferente, afinal, a recompensa não se resume a uma vida transformada aqui na Terra, mas se estende à eternidade ao lado de Deus.

A mudança aos olhos da esposa

Eu conheci o Edison enquanto ele morava nas ruas. Ele vivia bêbado. Eu, que já frequentava a Universal, falei do Senhor Jesus para ele e fiz diversos convites para que ele fosse a uma reunião de domingo. Apesar da resistência inicial, um dia ele aceitou. Aos poucos, a mudança dele passou a ser visível. Ele largou as drogas, a bebida e teve o comportamento e o caráter mudados. Depois que ele recebeu o Espírito Santo, nos aproximamos mais. Casamos na Terapia do Amor há quase nove anos e temos um casamento abençoado.

Mariana Gomes de Nazaré Gaia, de 41 anos, autônoma

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Arte sobre fotos Guilherme Branco, Reprodução, Cedida e getty images