Por que é preciso jogar a máscara no lixo certo?

O descarte inadequado da proteção facial, tão necessária durante a pandemia, pode gerar problemas Eduardo Prestes

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Elas são essenciais para proteger contra o contágio pela Covid-19, mesmo no caso de quem já tomou a vacina. No Brasil, logo depois do início da pandemia, elas se tornaram um artigo escasso diante da grande procura pela população. Estamos falando das máscaras descartáveis e cirúrgicas, principalmente as de tecido sintético TNT, que passaram a ser usadas em larga escala porque não precisam ser lavadas, têm baixo custo e podem ser jogadas no lixo.

Mas um dos efeitos colaterais do consumo elevado é o descarte incorreto. Os prejuízos à natureza são severos e as autoridades sanitárias mundiais estão preocupadas com essa nova forma de contaminação ambiental, pois estima-se que o TNT leve de 400 a 450 anos para se decompor completamente. Enquanto isso, solo e animais podem sofrer as consequências desse erro.

De acordo com Roseane Garcia Lopes de Souza, engenheira sanitarista e ambiental e diretora da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental de São Paulo (Abes-SP), a pandemia transformou as máscaras descartáveis em um novo tipo de resíduo. “Elas não faziam parte da composição dos resíduos domiciliares e, com isso, houve um aumento do volume descartado na coleta domiciliar, mas, muitas vezes, são encontradas nas ruas e praias e causam impacto à saúde e poluição ambiental”, analisa.

Embora não exista um levantamento sobre a produção de máscaras descartáveis no País, estima-se que os números não sejam pequenos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), em 2020, centenas de empresas foram mobilizadas para produzir e doar 13,5 milhões de máscaras descartáveis e de tecido: os presidiários do Estado de São Paulo produziram até maio do ano passado 1,5 milhão de máscaras de TNT, por exemplo.

Roseane afirma que, segundo a Sociedade Americana de Química (ACS, da sigla em inglês), são jogadas mensalmente no lixo 129 bilhões de máscaras e 65 bilhões de luvas em todo o planeta. “As máscaras e luvas não são recicladas e nunca devem ser descartadas com materiais desse tipo”, alerta.

Para ela, as máscaras de tecido passaram a ser mais difundidas e usadas do que as descartáveis e até passaram a fazer parte do vestuário. “Essa escolha certamente se deve aos custos e à durabilidade, mesmo com muitas lavagens, e com isso há redução dos resíduos gerados por elas. A limpeza das máscaras de tecido pode ser feita com sabão ou detergente”, diz Roseane.

Para amenizar o problema ambiental é preciso fazer o descarte de máscaras descartáveis ou de tecidos de forma apropriada: “ele deve ser feito em cestos de lixo sanitário com tampa. Não se recomenda descartar máscaras em lixeiras abertas, como as das ruas ou de ambientes públicos. Nos locais de trabalho, escolas e estabelecimentos comerciais é recomendável que sejam embrulhadas em papel-toalha ou papel higiênico, para garantir a segurança dos trabalhadores responsáveis pela limpeza e coleta de lixo, antes do descarte no cesto de lixo sanitário”, conclui.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: Getty Images