Por que a “velha mídia” está tanto em descrédito?

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No começo do século 21, quando a internet passou a contar mais com a participação do usuário do que necessariamente depender dos veículos de imprensa para o abastecimento de notícias, a desconfiança neles foi amplamente discutida nas instituições de ensino de comunicação. O público, antes somente leitor, espectador ou ouvinte, passaria a também produzir notícias, assim como realmente aconteceu.

Mas não é só o indivíduo “comum” ou um grupo de pessoas que espalham conteúdo que serve a seus interesses pessoais; os próprios veículos de imprensa tradicionais também, o que tem gerado desconfiança. O assunto é tão gritante que foi alvo de uma pesquisa entre o Instituto Reuters, a britânica Universidade de Oxford e o Projeto Jornalismo do Facebook (PJF), realizada no Brasil, na Índia, nos Estados Unidos e no Reino Unido, que apontou: “Nas últimas décadas, a confiança nas notícias diminuiu em muitas partes do mundo.

Embora a crise do coronavírus tenha lembrado parte do valor do jornalismo independente, aumentando a confiança nele em alguns lugares, muitos continuam a ver as notícias com considerável ceticismo”.

O estudo destacou que “grandes minorias em todos os quatro países têm opiniões muito negativas ou descrentes sobre como acham que os jornalistas fazem seu trabalho, incluindo permitir que opiniões pessoais influenciem a cobertura, aceitar pagamentos não divulgados de fontes ou tentar manipular o público deliberadamente”.

É o que acontece com a “velha mídia”. Ela segue perdendo a credibilidade por divulgar seus interesses e manipular a população para aceitá-los, em vez de mostrar a repercussão dos fatos de forma imparcial, para que ela tenha seu próprio juízo de valor. Mas, na contramão desse descrédito, o estudo mostrou que no Brasil há um grupo de comunicação que possui a confiança da população: o grupo Record – que contempla a Record TV, a Record News e o R7. É ele que detém o maior índice de confiança do brasileiro, que chega a 68% e se mantém na liderança à frente de outras emissoras de TV e rádio.

Camuflando a verdade
A falta de confiança pode estar relacionada com narrativas e ideologias que grandes veículos de imprensa têm divulgado nos últimos tempos. Em julho do ano passado, o economista e comentarista de política Rodrigo Constantino publicou um artigo no jornal Correio do Povo em que ponderou que “o que vemos hoje, porém, é um antro de extrema esquerda fazendo proselitismo ideológico. E faz isso em nome da imprensa”. Constantino ainda destacou que os veículos de comunicação têm se preocupado com a perda do monopólio da informação. “A imprensa partidária sofre com o avanço das redes sociais, que furaram a bolha ‘progressista’ e expuseram a farsa do ‘jornalismo plural’ de antes, que tinha hegemonia esquerdista”.

E é justamente pelo acesso à informação que foi democratizado, por meio das redes sociais, que as pessoas passaram a desconfiar da imprensa. “Na era das redes sociais, o povo pode ver os fatos e comparar com as narrativas. E é aí que a credibilidade da mídia tradicional vai para o buraco. Afinal, o que resta para essa imprensa é basicamente isso: narrativas, narrativas ideológicas, torcida partidária”, disse Constantino.

Assim, alguns que ainda “teimam” em mostrar a verdade, são atacados e até silenciados. No Brasil, por exemplo, o próprio Supremo Tribunal Federal (STF), que parece se incomodar com os conservadores, resolveu perseguir jornalistas com este perfil nas redes sociais, derrubando seus canais, desmonetizando youtubers e por aí afora. A verdade incomoda àqueles, que, com poder nas mãos, fazem de tudo para deturpá-la ou até silenciá-la.

Com base nisso, antes de publicar ou consumir informação de acordo com uma ideia, é preciso analisar o cenário. Assim, fica mais difícil alguém ser manipulado por quem fala só o que os outros gostam de ouvir. Só pode funcionar como povo alguém que pensa e age como membro dele.

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Colaborador

Redação - Foto: Getty images