O que você tem feito com os seus talentos?

Sob os olhos duros da crise, do desemprego e das consequências de uma pandemia cruel, muitas pessoas, com medo de perder, se apegam ao que têm e cruzam os braços

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Em meio à pandemia, muitas portas se fecharam e, com isso, muitas pessoas fizeram o mesmo, justamente em um momento que poderiam desenvolver habilidades. Em vez de ver um cenário oportuno para mudanças, elas enterram talentos que poderiam ser multiplicados.

Em relação a isso cabe aqui uma parábola narrada pelo Senhor Jesus. Ele contou a história de um senhor que confiou a três servos alguns talentos que, na época, correspondiam a valores altíssimos. Ao primeiro entregou cinco talentos; ao segundo, dois; e, ao terceiro, cinco, todos ”segundo a sua capacidade (…). E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois (…). Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.” (Mateus 25.15-18).

O senhor, retornando depois de um tempo, pediu prestação de contas aos servos. E “chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo (….)”. (Mateus 25.24-26).

Hoje, muitas pessoas se encontram sob os olhos duros não de um senhor, mas das consequências de uma pandemia cruel e, com medo de perder o pouco que têm, cruzam os braços. Para muitas não faltam razões, desculpas e chororôs que justifiquem um talento enterrado. A pergunta é: você é uma delas?

“TODO MUNDO TEM UM TALENTO”
Durante uma palestra do Congresso para o Sucesso, que acontece às segundas-feiras no Templo de Salomão, em São Paulo, o Bispo Leandro Zangarini ressaltou que cada um pode usar o próprio talento e ter sucesso mesmo em épocas difíceis. “Todo mundo tem um talento. A diferença é que alguns procuram melhorar e multiplicá-los.”

O Bispo disse que para desenvolver um talento é necessário atitude. “Muitas pessoas são de Fé, mas têm essa deficiência em sua vida: esperam Deus fazer coisas que elas têm que fazer. Tem gente que quer que Deus faça a parte que cabe a ela, espera que Ele abra a porta e a carregue onde ela tiver que ir. Não é assim. Tem a oração, mas também tem que agir.”

DUAS QUALIDADES
Aos servos que multiplicaram os talentos da parábola bíblica o senhor salientou duas qualidades: “Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo (…).” (Mateus 25.21). Na área profissional, ser bom e fiel no que se faz é algo necessário. “Tem gente que é bom no que faz: é bom vendedor, bom profissional, mas não é fiel. Também há aquela pessoa que é fiel, faz tudo direitinho, chega na hora certa, mas não é boa porque não quer aprender, multiplicar, vive murmurando e dando desculpas. Você tem que ser fiel a Deus e às pessoas à sua volta, mas também tem que ser bom no que faz. Se carregar consigo essas duas qualidades, esses dois alicerces, essas duas bases fortes, pode ter certeza que a Obra que Deus quer fazer na sua vida Ele vai fazer.”

AUTOCONHECIMENTO
Para Rosana Cazarin, psicóloga clínica e grupoterapeuta de Sorocaba, interior de São Paulo, poucas pessoas dão a devida importância a algo necessário para o desenvolvimento de talentos: o autoconhecimento. “Quanto mais a pessoa se conhece, mais ela consegue reconhecer em si capacidades, habilidades e, muitas vezes, coisas que nem ela mesma tinha consciência”, destaca.

Ela explica que, quando uma pessoa se descobre, ela é capaz de arriscar. “Quando digo arriscar significa identificar e aproveitar as tendências de mercado e do momento. Por exemplo, estamos em uma época que as pessoas estão consumindo comida congelada, massas, doces, ou seja, este é um mercado que está crescendo e isso praticamente mais de 80% da população sabe fazer e desenvolver, desde que coloque ali um talento e um cuidado. Quando as pessoas juntam o autoconhecimento e a capacidade de se reinventar e de acreditar nas próprias competências, elas criam novas oportunidades.”

Acreditar e se lançar
Rosana aconselha se lançar no que pretende fazer. “A palavra-chave é sair da zona de conforto e deixar de ser queixoso. Quando você foca nos motivos que o impedem de fazer algo, se esquece dos motivos para fazer algo. E quando a pessoa não acredita que pode chegar lá já existe um limitador muito grande.”

DESCOBERTAS
Todos podemos desenvolver um talento do zero e em qualquer idade. Muitos, inclusive, podem descobrir um talento nunca antes explorado ao praticar um hobby ou fazer um trabalho voluntário. Há até mesmo os que descobrem que têm talentos em áreas diferentes.

Para todas as opções, Rosana deixa uma observação: “quando se tem curiosidade e vontade, se pode alcançar o mais alto de qualquer monte. Não haverá limites para você”, conclui.

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Colaborador

Flavia Francellino / Foto: Getty images