O que legitima a força da mulher?

Muitas pensam que precisam se impor porque ainda não tiraram vantagem de uma característica nata feminina

Muitas esposas tendem a ter uma atitude de dominação no relacionamento porque não se deram conta de que a força delas não vem de uma ordem, uma ideia feminista ou de uma imposição que façam, mas que é legitimada por sua feminilidade.

Esse comportamento delicado e gentil é o trunfo que muitas jogam na lata do lixo quando querem impor sua opinião goela abaixo de alguém. Por exemplo, quando desrespeitam o cônjuge com sua indiscrição ou aceitam modismos que as incentivam a tomarem seu lugar ao Sol.

A escritora e colunista Núbia Siqueira ressalta que a mulher chama atenção por outros fatores: “pela forma positiva de ser e por ter aquilo que o homem não tem, já que ela consegue ser gentil, sensível às necessidades das pessoas, ter um olhar mais doce e um tom de voz agradável”.

Ela desmistifica a ideia de que ser feminina é ter voz mansinha, ler romances ou usar looks cor-de-rosa e alerta que, “para provar que são fortes, muitas usam de artifícios próprios do comportamento bruto masculino, como rudeza, autoritarismo, agressividade e cara amarrada, entre outros.”

Diferenças
Mas o que estaria por trás desse comportamento dominador? Seria uma defesa para camuflar alguma insegurança? A sensação de controle seria um estímulo? É certo que há aí um conflito.

Essa identidade dominadora, na verdade, tem tudo para esbarrar na dificuldade em administrar a sensação de poder e autoridade justamente porque a natureza feminina é mais inclinada à emoção.

Já a feminilidade pode ser o lado mais “pé no chão” da mulher. Afinal, quando bem usada, faz a mulher ser capaz de ponderar o momento exato de abordar algo que deve ser esclarecido, de colocar opiniões diferentes de forma inteligente e de convencer o cônjuge sem precisar armar a Terceira Guerra Mundial. Sua arma é a maneira doce de falar.

Esse exemplo de força e expertise feminina pode ser vista na mulher virtuosa (Provérbios 31). Ela acordava cedo para cuidar de si mesma, dos filhos, do marido, da casa e dava conta do recado. Ela era confiável e tinha sua presença desejada pelas pessoas. Seu modo feminino de lidar com as situações não a diminuía, mas lhe dava vantagens: seus filhos a respeitavam, seu marido a admirava. Ela conseguia o que queria porque o que dizia tinha coerência com o que fazia. Ela e outras pessoas sabiam seu valor e, por isso, não tinha medo de ser trocada.

Essa mulher está acessível a todas nos dias atuais e é certo que trabalhar esse lado feminino tem um quê mais interessante do que exercer o lado dominador. Mas enquanto essa mulher, que é uma boa referência, for vista como uma história de ninar por muitas mulheres, inclusive as que estão na Igreja, elas continuarão a se perguntar por que parece que em sua vida nada funciona.

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Colaborador

Flavia Francellino / Foto: Gettyimages