O que está por trás dos distúrbios alimentares?

Há uma saída definitiva para lidar com um problema que atinge mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo

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Mais de 70 milhões de pessoas no mundo apresentam distúrbios alimentares, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Os números aumentam ano após ano. Um estudo, realizado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e divulgado recentemente, afirma, por exemplo, que o volume de prontos atendimentos a pacientes com transtornos alimentares cresceu 87% durante e depois da pandemia de covid-19. O mais grave é que os números ainda não voltaram aos patamares anteriores à crise pandêmica.

No Brasil, o quadro também é preocupante. O Ministério da Saúde estima que os transtornos alimentares (veja os principais no quadro ao lado) afetam cerca de 4,7% da população em geral, mas podem chegar a 10% entre os mais jovens. Para o endocrinologista Fadlo Fraige Filho, professor da faculdade de medicina da Fundação ABC e presidente da Associação Nacional de Assistência ao Diabético (Anad), a pandemia foi preponderante para o aumento de casos. “O medo de contrair a covid, de morrer, as inseguranças no trabalho ou em relação aos ganhos de renda, a insegurança alimentar, tudo isso gerou distúrbios”, diz.

O isolamento social também foi um catalisador: “as pessoas ficaram isoladas em casa e o hábito de comer mais alimentos calóricos e beber ficou patente, o que levou ao aumento de distúrbios.

Outros fatores de elevação deles são os problemas decorrentes da instabilidade emocional, dos desajustes sociais e na família. Uma criança que presencia brigas e agressões em casa e se depara com a insegurança, por exemplo, ao ver seus pais se separarem, está vulnerável. Obviamente, uma das formas de expressá-la, entre outras, é por meio dos distúrbios alimentares”, assegura.

A ansiedade e a depressão também podem desencadeá-los. “Na verdade, esse é um mecanismo da bioquímica cerebral que acaba alterando a secreção de serotonina, de endorfinas, de uma série de hormônios que podem levar a distúrbios alimentares. A internet também contribui para isso, principalmente com a divulgação de programas que incentivam a alimentação errônea, industrializada, rica em calorias e açúcares”, diz.

É preciso ficar atento aos sinais que a doença se instalou, indica Fraige Filho: “é só observar o comportamento social e alimentar. Os distúrbios nem sempre estão associados à magreza. Geralmente, eles levam a um excesso de consumo de alimentos. Quem tem algum distúrbio vai comer de forma errada e desenvolver obesidade, que pode causar outras doenças, como diabetes, hipertensão, problemas vasculares, do aparelho digestivo e ortopédicos, principalmente na coluna, joelhos e tornozelos”.

Quem tem distúrbios costuma ter dificuldade de perceber que está doente. “A pessoa se enxerga pouco ou não quer se enxergar. As crianças e os adolescentes têm mais dificuldade de entender que estão com algum tipo de distúrbio. O adulto, por sua vez, por ser observado por outro adulto, geralmente fala e se inter-relaciona. Cabe aos pais observá-los e, em caso de dúvida, procurar um médico para receber orientação”, salienta. Psicólogos e psiquiatras também podem fazer o diagnóstico. “A avaliação é baseada na análise do comportamento alimentar e psicoemocional. O diagnóstico precoce sem dúvida alguma aumenta as chances de superar o transtorno”, afirma Fraige Filho.

A família também tem papel preponderante no tratamento. “A compreensão da família, seu engajamento e envolvimento são fundamentais, porque a criança, o adolescente e a pessoa que tem um distúrbio alimentar precisa, sem dúvida, desse apoio e, evidentemente, o carinho da família é muito importante. Sugiro aos pais vigilância e o cuidado de não brigarem na frente das crianças e adolescentes, pois isso gera insegurança nelas. Mantenha também a regularidade das atividades físicas e dê a eles opções de lazer”, aconselha.

A saída que você ainda não viu
Muitos adultos estão muito absortos nas preocupações que fazem parte do dia a dia, como comer, vestir, pagar a escola dos filhos, por exemplo, e acabam sofrendo de ansiedade e depressão. Em relação a isso, a Bíblia observa em Mateus 6.25: “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?” No mesmo capítulo, no versículo 33, há mais um conselho: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Ou seja, é preciso primeiro buscar o apoio em Deus. Ele o ajudará a enfrentar os problemas e a superálos. Busque essa ajuda e, se você ainda não conhece o trabalho da Universal, procure o Templo mais próximo e participe de uma reunião.

Quais os principais transtornos?

Anorexia
A pessoa busca obsessivamente a magreza extrema, segue dietas rígidas, tem uma rotina exaustiva de exercícios e usa desculpas para pular refeições. Ela também tem uma visão distorcida da própria imagem, pois acha que está sempre acima do peso, apesar de estar magra.

Bulimia
A compulsão alimentar intercalada com a indução de vômitos e o uso de laxantes como comportamento compensatório para não ganhar peso são as principais características. A pessoa evita fazer refeições com outras e é obcecada com a forma física, embora apresente peso normal.

Transtorno de compulsão alimentar
É marcado por episódios em que a pessoa consome rapidamente grandes quantidades de comida (sem comportamento compensatório), mesmo sem sentir fome, acaba ganhando peso e pode se tornar obesa.

 

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Colaborador

Eduardo Prestes / Fotos: KatarzynaBialasiewicz/getty images, bymuratdeniz/getty images e GlobalStock/getty images