O fechamento de hospitais de campanha e o ciclo vicioso da pandemia

Estruturas provisórias construídas para auxiliar no tratamento de pacientes com covid-19 foram desativadas e sistema de saúde nacional enfrenta novo colapso

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Infelizmente, estamos vendo o filme de um ano atrás se repetir. O sistema público de saúde está passando por novos problemas e enfrentando colapsos. Em todo o Brasil, de norte a sul, medidas de lockdown estão sendo adotadas para interromper o aumento dos casos de covid-19 e evitar novas crises administrativas.

Em São Paulo, por exemplo, o governo anunciou que o estado vai entrar na fase vermelha neste sábado (6 de março). Dessa forma, até o próximo dia 19, os municípios paulistas só poderão abrir os serviços essenciais.

Em Minas Gerais, o governador Romeu Zema, determinou o toque de recolher das 20h às 5h e fechamento do comércio não essencial. Além disso, restringiu a circulação de pessoas em duas regiões que estão à beira do colapso devido ao aumento das internações.

A taxa de ocupação de leitos da UTI no Rio Grande do Sul atingiu 101,5% na quarta-feira. A classificação do estado agora é bandeira preta, ou seja, as atividades em locais públicos entre 20h e 5h estão suspensas. Apenas serviços essenciais podem permanecer abertos nesses horários. O governador do estado, Eduardo Leite, afirmou que o cenário atual é o pior desde o início da pandemia.

Incompetência ou falta de dinheiro?

O que não dá para entender é que em abril do ano passado foram construídas estruturas provisórias para auxiliar no tratamento de pacientes com covid-19. Foi anunciado que esses hospitais de campanha seriam um dos principais instrumentos para enfrentar a pandemia. Mas, quando presenciamos um breve recuo da doença, no segundo semestre, esses hospitais foram desativados em grande parte do país.

Agora, diante do colapso que enfrentamos a nível nacional, vale questionar: o que fizeram com todo o dinheiro que o Governo Federal enviou para os estados e municípios? Em São Paulo, por exemplo, o Governo enviou 135 bilhões para auxiliar na construção dos hospitais de campanha. Por que os desmontaram em setembro se já se falava sobre uma nova onda de covid-19? Uma observação é que os quatro hospitais de campanha, Ibirapuera, Pacaembu, Heliópolis e Anhembi, sequer tiveram sua lotação completa…

Apesar disso, hoje, muitos municípios estão novamente sem leitos. Onde estão esses bilhões de reais? Por que estamos vivenciando os mesmos problemas? Será que é por falta de dinheiro, de gestão, de logística ou incompetência mesmo?

De acordo com especialistas, não houve o planejamento necessário para a reabertura dos hospitais de campanha e leitos emergenciais.

Agora, alguns locais consideram reabrir ou realizar a manutenção dos hospitais de campanha. Mas, precisamos questionar por que muitos foram totalmente desativados uma vez que estamos diante de uma pandemia imprevisível.

Os políticos continuam fazendo seu jogo e nós, o povo, estamos sofrendo as consequências, mais uma vez. E quem pagará essa conta, será o comerciante, o estudante e o trabalhador de bem.

É como se a culpa disso tudo fosse do comércio. Absurdo!

A doença está aí, precisamos combatê-la sim, com bom senso, mas também precisamos fazer as perguntas certas. Porque, enquanto a população tiver medo, os governantes com más intenções continuarão fazendo o que bem entendem sem sequer dar satisfações.

É como afirma a frase atribuída a Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.

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Colaborador

Refletindo sobre a notícia por Ana Carolina Cury | Do R7 / Foto: Getty Images