O consumismo em tempos de internet e redes sociais
Saiba como não esvaziar a carteira nem fazer dívidas na era do Remarketing
Sabe quando você sente aquela vontade de comer um doce logo depois do almoço e, ao entrar no seu Facebook ou Instagram, aparece um post com a foto de uma sobremesa maravilhosa? Ou quando está pensando em comprar um novo smartphone e surge uma megapromoção na internet? Se você acreditava que isso fosse pura coincidência, saiba que não é. O nome disso é Remarketing, uma ferramenta que programa os posts para aparecerem exatamente na hora em que você pode estar vulnerável e com grandes chances de clicar no link e gerar uma conversão (fazer uma compra).
Com as novas gerações, mais exigentes e com consumidores instantâneos, a forma de fazer publicidade e conversar com o público mudou. A internet gerou três pilares: facilidade, velocidade e eficiência de comunicação, o que permitiu aos publicitários ver a riqueza na exploração do mundo on-line.
“O marketing de hoje tem fundamento no sentimento das pessoas. As plataformas on-line auxiliam os consumidores a decidir, proporcionam ofertas e eles podem comparar preços. Hoje as campanhas publicitárias estão focadas em oferecer o que desejamos no momento”, diz Moacir Camargo Júnior, especialista em mídias sociais da Locaweb.
Camargo explicou que no Remarketing a ferramenta se programa para saber do que você gosta, o que consome, come, onde vai, para transformar isso em venda e fidelização. Os algoritmos (uma espécie de cálculo) da ferramenta identificam e marcam os usuários que visitaram determinado site e os produtos visualizados, armazenando essas informações para exibir as ofertas de acordo com as pesquisas que fizeram. Em algumas situações, a ferramenta vai além: mostra preços diferenciados, caso a compra não seja concluída. “Não pense que o Remarketing vai só até a compra do produto. Os dados captados no início podem servir para que sejam oferecidos produtos complementares e conteúdo relacionado ao que foi adquirido.”
Para o especialista, as novas gerações, apaixonadas por tecnologia, estão cada vez mais exigentes e trocam rapidamente os produtos que adquirem. Sites, e-mail marketing, lojas on-line, Facebook, Instagram, Linkedin, Google+, YouTube são alguns dos caminhos para pôr em prática as estratégias publicitárias. “Na era digital, os clientes querem sempre aquele ‘mimo’ e as propagandas que trabalham com preço vão morrer. A nova regra é: convença-me a comprar. É preciso qualidade e inovação para chegar à conversão da venda.”
Aja com moderação
A educadora financeira Maiara Xavier reconhece que a comunicação de hoje está mais direcionada às necessidades dos clientes e muitos deles agem por impulso. “Estamos interligados na internet. Se levarmos a vida no automático, seremos alvo fácil das ofertas camufladas como ‘amigas’.” Para Maiara, todo cuidado é pouco e não devemos pesquisar por pesquisar, para matar tempo na internet, mas sim fazer pesquisas de potenciais aquisições, com uma lista do que precisamos por perto. “Só pesquise no Google o que já está na sua lista de coisas que lhe fazem falta. Evite as tentações”, orienta.
Segundo Maiara, o cérebro gosta de nos enganar e para muitas pessoas o consumo causa bem-estar, mesmo que seja momentâneo. Não podemos confiar no autocontrole frente às tentações. Para barrar o consumismo, todo processo de compra deve começar com planejamento e sempre ir às compras com o propósito de suprir necessidades.
A seguir, algumas dicas da especialista para comprar conscientemente em tempos de internet:
– Tenha uma lista de itens que precisa comprar. Mesmo com notificações e ofertas, pare, olhe sua lista e veja se o que está prestes a comprar consta nela. Se não estiver, faça as perguntas: quero mesmo isso? Quanto tempo isso vai me fazer feliz? Posso e devo comprar? Se a resposta for positiva, siga em frente.
– Se tem muita dificuldade para evitar as tentações, coloque no carrinho de compras tudo o que lhe interessou, pois isso dá muito prazer. E, antes de finalizar as compras, verifique quais produtos do carrinho vão mesmo lhe servir. Faça as mesmas perguntas depois de saciar a vontade de selecionar coisas. Isso pode reduzir seu consumo à metade.
– Planeje-se para as compras de final de ano,. Tome as decisões em casa, elabore uma lista com tranquilidade, organize os presentes, quem vai presentear e quanto vai investir. Nunca faça compras movido pela emoção nem com base em ofertas imperdíveis.
– Aproveite os últimos meses do ano para pôr as finanças em ordem. Encare as dívidas, analise as decisões de consumo, guarde dinheiro e invista.
Maiara lembra que, com os incentivos para comprar e o incremento do poder aquisitivo, muitas pessoas estão com dívidas que não têm como pagar. “Não podemos preencher vazios comprando coisas. Mesmo com o boom da mídia digital, precisamos decidir o que é bom e o que precisamos comprar. O dinheiro é nosso.”
Por último, a educadora financeira reforça que sair às compras, seja em lojas físicas ou na internet, deve ser sempre uma atitude planejada.
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