“Não conseguimos administrar a nossa vida financeira juntos”

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Uma aluna pediu um aconselhamento aos professores Renato e Cristiane Cardoso durante o programa Escola do Amor Responde. Ela contou que é casada há 11 anos e que ela e o marido estão com dificuldades na área financeira. Eles gastam mais do que ganham e estão acumulando dívidas.

ALUNA – Sou casada há 11 anos e eu e meu marido gastamos mais do que ganhamos e não conseguimos administrar a nossa vida financeira juntos. Quero saber como podemos resolver isso, pois já estamos com muitas dividas e nosso nome está sujo. Não suporto mais viver assim.

RENATO – Vocês estão passando por um problema que pode desgastar o relacionamento se vocês não vigiarem. Infelizmente, muitos casais não vigiam a questão financeira e ela passa a desgastar a relação. Normalmente, os cônjuges têm perfis diferentes em relação ao uso do dinheiro: um costuma ser mais econômico do que o outro e um gasta mais do que o outro. Esses perfis se chocam e aí acontecem as diferenças na hora de tomar decisões. Um acha que tem que pagar uma determinada conta e o outro acha que tem que pagar outra ou acham que não dá para pagar nada. Dessa forma, começam a ter discussões e brigas por causa de dinheiro.

CRISTIANE – Sem contar que muitos têm a ilusão de que existe a facilidade de pagar parcelado. Muitos casais, infelizmente, nunca tiveram educação financeira, começam a trabalhar e usam todo o dinheiro que têm. Existem pessoas que estão sempre reclamando que não têm dinheiro, mas seguem outras no Instagram que têm gastos desnecessários, por exemplo. Essa pessoa não tem noção de que tem que se planejar para usar o dinheiro. Se vocês têm dívidas, precisam se planejar. Se você ficar pensando no hoje e continuar gastando, não vai pagar as dívidas. Não haverá economia e se acontecer alguma coisa, você ficará sem dinheiro nenhum. É assim que começa o problema no casamento. Se você ou ele ficarem doentes ou precisarem fazer uma viagem urgente, de onde vão tirar o dinheiro?

RENATO – Essa questão da educação financeira ou a falta dela e a ausência de educação amorosa geram esse problema. As pessoas estudam a tabela de elementos químicos, mas não estudam os principais itens da vida, como amor e dinheiro. No seu caso, amiga, já que você e seu marido estão tendo problemas de administração do dinheiro, a questão pode ser complicada e, ao mesmo tempo, simples. A regra básica da administração financeira é que a pessoa saiba o que sai do orçamento (despesas) e o que entra (receitas). Muitas pessoas têm ideia do que entra, mas não sabem quanto sai. Elas não pararam para escrever seus gastos, suas dívidas e tudo o que sai de recursos no mês.

CRISTIANE – Pode ser que você pense que fazer isso seja complicado, ache tem que ser boa em matemática ou que não deve ser boa nisso, mas você não precisa ser ótima em matemática. Você só precisa saber somar e subtrair.

RENATO – E ter uma calculadora ou até usar a do celular.

CRISTIANE – Eu quero sugerir um livro a você: Bolsa Blindada, da Patricia Lages. Ela fez um livro bem simples, que vai direto ao ponto e com informações básicas para você aprender a administrar seu dinheiro.

RENATO – Você precisa basicamente ter a seguinte informação: o que entra e o que sai. Você está tendo um problema clássico: sai mais dinheiro do que entra. Vai ter que tomar decisões sobre o que poderá ser cortado e o que poderá economizar. Por exemplo, em vez de ir ao salão toda semana, vá a cada 15 dias ou talvez uma vez por mês. Pense em alternativas para certos hábitos que vocês têm e que sejam menos caras e mais econômicas. Vocês precisam conversar sobre opções para diminuir os gastos e como aumentar a renda de vocês. Este diálogo precisa acontecer, mas não brigas e com acusações. Vocês têm que se vigiar durante essa conversa porque já haverá o estresse natural de tratar do assunto. É muito comum um xingar o outro e apontar falhas e, por isso, é importante cuidar para que não ocorram acusações – mesmo porque não adianta mais acusar em relação a algo que já aconteceu. Vocês têm que conversar quanto ao que farão daqui para a frente e o levantamento de números mostrará o que poderão ou não comprar. Os números precisam ser avaliados pelo casal, mas sem acusações mútuas.

CRISTIANE – Minha dica é que vocês não devem ser escravos de datas, pois elas levam as pessoas a gastarem o que não têm. Um exemplo é o aniversário de casamento. Talvez neste ano não seja possível comprar um presente, mas não fiquem chateados por causa disso. Vocês devem entender que não é preciso se submeter ao marketing do comércio. Como não estão em condições financeiras no momento, não comprem e não se sintam mal por isso. Vocês estarão economizando em prol de um bem maior.

 

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Colaborador

Kaline Tascin / Foto: Getty images