“Meu passatempo era ganhar dinheiro no tráfico”

Paulo Ricardo foi preso várias vezes, mas a verdadeira prisão estava dentro dele

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O operador de produção Paulo Ricardo da Silva de Aguiar, de 20 anos, conta que teve uma infância humilde. Entre os 7 e os 12 anos de idade, ele acompanhava a mãe às reuniões da Universal, mas, durante a adolescência, se aproximou de más companhias. “Eu matava aula e foi na porta da escola que experimentei maconha pela primeira vez. Por causa dessas influências, me envolvi com o tráfico de drogas muito cedo. Eu obtinha dinheiro rápido, o que parecia ser fácil. Nesse período, traficava na boca de fumo do bairro e na escola”, diz.

Aos 14 anos, Paulo foi detido por tráfico pela primeira vez e levado à Fundação Casa. Ele permaneceu lá por um ano. Após 24 dias de liberdade, foi apreendido novamente e essa história continuou se repetindo mais algumas vezes.

“A cada detenção, meu passatempo era ganhar dinheiro no tráfico e não ser pego pela polícia. Me envolvi em muita confusão dentro e fora das Fundação, não tinha paz e achava que a qualquer hora seria morto. Eu tinha medo, mas aparentava valentia”, destaca.
Depois que ele conquistava a liberdade, começava o tormento dentro de sua casa. Ele vivia agredindo sua mãe, a doméstica Maria Evanilde da Silva, de 43 anos, e a irmã, a estudante de nutrição Letícia da Silva Aguiar, de 23 anos. Ele revela que a convivência com elas era bem difícil: “elas sempre me tratavam bem, falavam de Jesus para mim, mas eu não dava ouvidos e não suportava a presença delas.

Então, montei uma casa com o dinheiro do tráfico e fui morar com uma namorada”, narra.

Nesse período, Paulo gerenciava pontos de tráfico e já havia se tornado conhecido entre os traficantes e os policiais. Porém ele foi detido mais uma vez. Ao todo foram, sete apreensões e dois anos e oito meses cumprindo medidas socioeducativas.

Na última apreensão, ele ficou sabendo que a namorada havia lhe abandonado e que ela já estava se relacionando com outro homem.

Então, seus planos mudaram. Paulo não projetava mais crescer no tráfico, mas como matar a ex-namorada. “Fiquei cego de ódio e queria fugir da Fundação só para me vingar dela. Não me importava que depois eu fosse direto para a cadeia.”

Sua mãe, ao saber de sua intenção, mais uma vez lhe falou sobre o amor do Senhor Jesus e que era possível que ele recomeçasse sua vida. Além disso, fez o filho prometer que iria à Igreja com ela assim que conquistasse a liberdade novamente. “Naquele dia, senti o desejo de mudar, mas não sabia como. Em uma ligação, a minha irmã, que é obreira na Universal, pediu para que eu fizesse uma oração a Deus.

Apesar de me achar sem jeito, fiz e ali começou minha transformação”, conta.

Verdadeira liberdade
Pouco tempo depois, em uma sexta-feira, Paulo foi com a mãe a uma reunião de libertação na Universal. Daquele dia em diante ele não teve mais desejo de vingança. Ao continuar buscando a Deus, obteve paz interior, se libertou dos vícios e se batizou nas águas. “Hoje sou feliz, trabalho, amo e trato bem a minha família. Recebi o Espírito Santo, que é a força da minha vida, e tenho o privilégio de levar a Palavra de Deus para pessoas que estão na mesma situação em que estive”, finaliza.

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Colaborador

Kelly Lopes / Foto: Getty Images e Mídia FJU