Medo e razão não andam juntos

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A pandemia do novo coronavírus está levando muitos pacientes a um dilema. Com medo de contrair a Covid-19, muitas pessoas estão deixando de procurar prontos-socorros e hospitais. Diante do risco de contaminação pelo vírus, alguns preferem deixar os tratamentos médicos para depois. Entretanto há casos de emergências que oferecem maior risco de morte caso o paciente não tenha um atendimento adequado. O infarto, por exemplo, é a principal causa de morte no Brasil e no mundo e precisa de atendimento rápido.

Nesse sentido, o brasileiro que está sentindo algum desconforto de saúde precisa enfrentar dois medos: o de ir ao hospital e correr o risco de ser contaminado pelo coronavírus e o de ficar em casa e correr o risco de morrer sem atendimento adequado. Nos Estados Unidos, um levantamento feito pelo site angioplasty.org mostrou que o número de pessoas que morreram em casa de ataque cardíaco em Nova York, entre 30 de março e 5 de abril, foi 800% vezes maior do que no mesmo período de 2019. O site indica que muitos deles poderiam ter sido tratados prontamente e as pessoas seriam salvas, embora não se saiba se os episódios tiveram relação ou não com o coronavírus.

Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, o infarto é uma emergência que exige cuidados médicos o mais rapidamente possível. Por isso, mesmo durante a pandemia, os brasileiros precisam ficar atentos. Os sintomas incluem dor ou desconforto na região peitoral, que pode irradiar para as costas, o rosto e o braço esquerdo. Além disso, as vítimas de infarto costumam ter suor frio, palidez, falta de ar, sensação de desmaio e dor no abdome semelhante à dor da gastrite. De houver mal-estar súbito, ligue para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU – 192), Bombeiros (193) ou procure imediatamente um hospital para avaliação clínica detalhada.

O acidente vascular cerebral (AVC) é outra situação que exige atendimento rápido. Ele acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. Os sintomas incluem fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental; alteração da fala ou da compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação ou no andar, tontura; dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente.

Assim como no caso de infarto, quanto mais rápido for o atendimento, maiores são as chances de sobrevivência e recuperação total.

O fato é que, além do novo coronavírus, o mundo continua a enfrentar outras doenças graves, como o câncer, problemas cardíacos e até o sarampo, cujos casos continuam a crescer no Brasil. No caso do câncer, já há diminuição da procura de pacientes por exames e tratamento. O Hospital A. C. Camargo Cancer Center, unidade de referência no tratamento da doença em São Paulo, registrou queda de até 87% no número de exames para novos diagnósticos entre abril deste ano e o de 2019. Também houve diminuição de 50% a 80% no número de consultas feitas por médicos especializados em oncologia no mesmo período. A maior redução foi registrada entre pacientes de câncer de mama e de tumores urológicos.

O medo é um mecanismo importante para os seres humanos, pois nos ajuda a enfrentar adversidades e a identificar perigos. Entretanto, no caso desta pandemia, o medo precisa ser equilibrado com racionalidade, informações científicas, bom senso e o apoio de médicos e especialistas no assunto.

Por isso, para situações de saúde, avalie o contexto, consulte um médico e, em caso de emergência, procure um serviço de saúde ou ligue para o telefone 193. Emergências cardíacas, AVC e até acidentes domésticos podem levar à morte se não houver atendimento rápido e adequado.

Mas vale o aviso: para minimizar os riscos de contaminação, todos os brasileiros devem usar máscara ao sair de casa, manter distância de outras pessoas r evitar lugares fechados com aglomeração.

Além disso, lavar as mãos com água e sabão e usar álcool 70% são hábitos que precisam ser incorporados à nossa rotina, mesmo depois que a pandemia for controlada.

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Colaborador

Redação / Foto: Getty Images