Mãe lutou na Justiça para tirar o assassino da filha do corredor da morte

Você faria o mesmo por alguém que matou seu ente querido?

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Qual seria sua reação se um ente querido seu fosse morto de forma cruel? Perdoaria quem cometeu o crime, desejaria a pior condenação para ele ou lutaria para que ele tivesse uma segunda chance?

No dia 20 de julho de 2013 a norte-americana Darlene Farah (foto ao lado) teve a filha morta durante um assalto à loja em que ela trabalhava, na cidade de Jacksonville, na Flórida (EUA). James Rhodes, na época com 21 anos, entrou no local, rendeu a jovem Shelby Farah, de 20 anos, pegou todo o valor do caixa e disparou quatro tiros contra ela. Shelby não resistiu e morreu no local.

O assassino foi flagrado pelas câmeras de segurança do estabelecimento e preso sob acusação de homicídio, assalto a mão armada e outros delitos. Com base em seus antecedentes criminais, os promotores pediram a pena de morte para ele.

No início do processo jurídico, Darlene demonstrava ódio pela aparente falta de remorso dele, mas queria entender por que James fez aquilo. Mesmo com a dor da perda da filha, Darlene perdoou o jovem e ainda interveio para que ele não fosse para o corredor da morte.

Sua mudança de opinião ocorreu quando conheceu a história do rapaz. James foi abandonado pela mãe aos 8 meses de idade e passou a morar com o pai, que era alcoólatra e dependente químico. Aos 5 anos o garoto foi encaminhado a um orfanato, onde ficou por muitos anos sem ser adotado. Até que, aos 9 anos, o garoto foi estuprado por uma criança mais velha e por uma assistente social.

O garoto (foto acima), que sofria bullying e maus-tratos, tinha uma ficha criminal extensa já na adolescência. Depois de conhecer a realidade do rapaz, Darlene conclui que ele era mais uma vítima do sistema. “Matá-lo não vai trazer minha filha de volta. Apenas perpetua o ciclo de violência, gerando novas vítimas”, disse ela em entrevista à BBC Mundo.

Darlene acredita que James deve enfrentar as consequências do que fez e ser responsabilizado, mas que matá-lo não vai honrar a memória de sua filha ou trazê-la de volta. Ela lutou durante quatro anos na Justiça contra a pena de morte de James, pois queria que ele tivesse a oportunidade de encontrar seu propósito de vida. O caso tomou proporção nacional e mais de 32 mil pessoas assinaram uma petição on-line que Darlene criou com um pedido para que a promotora não desse a sentença de morte ao rapaz.

E foi o que aconteceu. O rapaz se declarou culpado pelo assassinato e por outros crimes e recebeu duas penas de prisão perpétua, além de outra de mais 20 anos de prisão. Darlene achou que esse seria o melhor caminho para James.

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Colaborador

Por Michele Francisco / Fotos: Will Dickey