“Impotente em relação à própria família”

Em Reis, o personagem Eliã mostra que não adianta vencer diversas batalhas contra exércitos inimigos e fracassar ao desempenhar seu papel mais importante

Imagem de capa - “Impotente em relação à própria família”

Em temporadas anteriores de Reis, série exibida pela Record TV, Eliã (Fifo Benicasa) mostrou que é um exímio guerreiro israelita e um homem digno de confiança. Os telespectadores atentos devem se lembrar que o rei Saul (Carlo Porto) e Abner (Dudu Pelizzari) confiavam em sua eficiência e em seu caráter – este, aliás, que o fez não ser conivente com os erros do governante na época e desertar para apoiar o novo rei escolhido por Deus, Davi (Cirillo Luna).

Mas, enquanto Eliã obtém sucesso ao manejar a espada e escolher de qual lado lutará, em casa a história é diferente. Afinal, estamos falando daquele que é um dos valentes de Davi, mas, também, filho de Aitofel (Marcos Winter), pai de Bateseba (Paloma Bernardi) e sogro de Urias (Roger Gobeth). Apesar do enredo da trama se passar há milhares de anos, a história de Eliã tem similaridades com o presente.

Sua maior guerra
A autora de Reis, Cristiane Cardoso, descreve Eliã “como um amortecedor em casa, que é forte em relação a tudo que já sofreu na vida pessoal e tenta ajudar ao ver o sofrimento de todos”. A verdade é que ele ficou viúvo cedo e se dedicou ao Exército para afogar sua dor, mas deixou sua filha pequena aos cuidados dos avós, o que causou uma ruptura entre eles. Como se não bastasse a relação estremecida com ela, Eliã ainda se decepciona com o pai ao descobrir que ele tinha um relacionamento extraconjugal.

Esses problemas deixam notório quanto a ausência de responsabilidade, o fato de não dar prioridade à família, mentir, se omitir e não ter diálogo gera más consequências: por mais que Eliã se esforce para recuperar o tempo perdido, quando ele tenta retomar o relacionamento e ajudar a filha já é tarde demais. “Ele sabe que tem uma parcela de culpa pelas inseguranças de Bateseba e por isso é paciente e compassivo com ela. Eliã se esforça para ser presente na vida da filha, mas Aitofel acaba o anulando, pois, às vezes, até toma sua frente no papel de pai”, diz a autora.

Eliã ainda nota que, mesmo que Urias tenha tudo para ser um excelente marido para Bateseba, ela não corresponde aos sentimentos dele e, assim, ele tenta orientá-la a pôr fim ao relacionamento, mas seu empenho é inútil, como destaca Cristiane: “Eliã fica praticamente impotente em relação à própria família e tudo porque ele tentou se fazer de forte para todos o tempo todo, mas, quando precisou ser considerado, não foi”.

Você já pensou quantas vezes isso acontece nas famílias? São casos de pais e mães que se ausentam de seus papéis, terceirizam a educação dos filhos ou não são presentes em momentos importantes e até cônjuges que estremecem o casamento porque priorizam outras áreas da vida e, quando decidem assumir seu papel no núcleo familiar, são desconsiderados por não terem investido em construir um relacionamento saudável, respeitoso e forte o suficiente para alcançar isso.

Raiz de erros e acertos
A verdade é que, apesar de estar cheio de boas intenções e acreditar que sua filha estaria melhor sendo criada pelos avós, ao focar apenas no trabalho, Eliã abdicou do seu papel mais importante: o de pai, educador e protetor. “A família foi criada por Deus para nos apoiar, nos confortar e nos ajudar e não para que a anulássemos com os nossos deveres. Se fizermos isso, no dia em que precisarmos dela e não a tivermos tratado como família, ela não corresponderá à nossa necessidade e, pior, poderá se voltar contra nós. A família é sagrada, sempre foi e tem uma representação Divina. Feliz é aquele que a reconhece, a protege e a valoriza”, ensina Cristiane.

Ela reforça que, apesar de Eliã ter errado ao se ausentar da vida da filha quando perdeu a esposa, ele se esforçou para se corrigir e foi um homem justo tanto com ela quanto com Urias. “O erro de Eliã foi não se corrigir com o próprio pai que ainda estava no erro, pois cabia a ele dar o exemplo”, diz a autora. Logo vemos que, quando se trata de família, devemos assumir a responsabilidade e o nosso papel, seja ele qual for.

O que será dessa família que retrata tão bem os arranjos familiares do século 21? Você descobrirá assistindo à superprodução de segunda a sexta, a partir das 21h, na Record TV ou pela plataforma Univer Vídeo. Caso tenha perdido algum episódio, recorra também à plataforma.

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Colaborador

Laís Klaiber / Fotos: Lally Zwetzch e reprodução