Crescer e viver em um mundo com tantos riscos e influências contraditórias não é tarefa fácil. Além de todos os perigos físicos, hoje ainda existem as armadilhas on-line. Com tantos maus exemplos por aí, o papel do pai e da mãe na vida de uma pessoa nunca foi tão essencial. E felizes são aqueles que possuem essa estrutura e sabem honrá-la.

A Palavra de Deus deixa muito claro qual deve ser a posição dos filhos em relação aos pais. Em Êxodo 20.12, Deus transmite a Moisés o seguinte mandamento: “Honra teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor te dá”. Mais do que uma simples frase, o Criador deixou uma ordem e uma promessa para aqueles que a cumprissem.

Entre os significados da palavra “honrar” (no dicionário Michaelis On-line) está “tratar com respeito” e é essa forma de lidar com os pais que faz toda a diferença na vida de um indivíduo. “Na vida temos outras autoridades que devemos respeitar, seja na escola, seja no trabalho e na política, entre outras áreas. Se a pessoa não consegue respeitar a autoridade dos pais, como conseguirá respeitar as demais?”, questiona a psicóloga clínica Lilian Neves.

Na prática, a família é o primeiro contexto de desenvolvimento humano e “é nela que se começa a aprender as regras, os limites, os valores, o amor ao próximo. Se aqui a pessoa já manifesta rebeldia, possivelmente terá problemas em aceitar outras regras no mundo lá fora. Dessa forma, quem respeita seus pais saberá respeitar as pessoas do convívio em sociedade”, diz.

Saindo da teoria

Os pais têm maior domínio sobre o filho quando ele é criança, pois nessa fase possui menos autonomia para tomar decisões, principalmente por sua falta de discernimento entre aquilo que é bom ou ruim. Mas, a partir da adolescência, o filho passa a tomar muitas decisões e aí é que se vê a honra ou a desonra dele. Apesar do respeito ser a base da honra, também é importante que o filho valorize os pais e cuide deles. “Será que essa atitude agradaria os meus pais ou os deixaria orgulhosos?” é uma pergunta que cada filho pode fazer a si mesmo. Partindo do princípio de que os pais querem o melhor para seus descendentes, essa reflexão pode nortear a tomada de decisões.

Mas e quando as discordâncias são tantas que os pais parecem não merecer honra? “É preciso deixar claro que, infelizmente, existem atitudes que muitos pais cometem que não são dignas de honra e cada caso deve ser bem analisado. Mas o que também ocorre é que, muitas vezes, os pais estão exercendo sua autoridade de pais para corrigir seus filhos, colocando regras e limites que também são saudáveis para o desenvolvimento de seus filhos e estes, muitas vezes, sentem que estão sendo injustiçados, quando, na verdade, os pais estão lhes protegendo de coisas que eles não têm maturidade para enxergar. Portanto, mesmo não concordando com os pais, os filhos devem honrá-los, sim! Limites devem ser exercidos pelos pais para que formem pessoas seguras no futuro”, reforça a psicóloga.

Todos devem honrar os pais, independentemente da idade. Infelizmente, hoje, o Brasil tem muitos idosos que são maltratados e até explorados financeiramente pelos filhos. Principalmente nesse momento de vulnerabilidade é que os filhos podem honrar os seus pais através do cuidado, do carinho, do afeto e do amor.

A imperfeição dos pais

Como todo ser humano, os pais cometem erros. Alguns geram inclusive traumas por falta de entendimento; mesmo assim, a honra deve estar presente. Isso não significa que o filho deve apoiar os pecados dos pais ou concordar com todas as suas atitudes. É preciso ter em mente que a honra que Deus orienta não deve ser conferida com base no comportamento dos genitores, mas, sim, na posição de autoridade que eles ocupam na vida dos filhos.

“Quem deseja agradar a Deus sabe que a obediência à Sua Palavra está acima de tudo, independentemente das falhas ou atitudes ruins dos pais. Esse tipo de comportamento dos filhos com relação aos pais glorifica a Deus e, ao mesmo tempo, é capaz de influenciá-los a se tornarem pessoas melhores e de valores”, explica o Bispo Sidnei Marques, responsável pelo trabalho da Universal em Minas Gerais.

Para quem sofre com traumas do passado, o caminho para se livrar de toda carga negativa e passar a obedecer ao mandamento sagrado é o perdão. “Na oração do Pai Nosso, o Senhor Jesus nos ensina que para sermos perdoados por Deus temos que perdoar. Ou seja, o perdão é uma decisão de fé, não é um sentimento. Mesmo que o coração não queira perdoar, se deve usar a razão para liberar o perdão, pois essa é a única forma de encontrar a paz tão desejada por todos”, pontua o Bispo.

Papel de educador

Tendo em vista que a família é o primeiro contato de uma criança com o mundo, é preciso entender que os pais são a principal referência dela.

Os pequenos absorvem o que veem e ouvem dentro de casa. Dessa forma, tanto o pai como a mãe precisam se posicionar como verdadeiros exemplos, proporcionando um lar estruturado e repleto de ensinamentos que vão impactar toda a vida do filho.

“Cada pai ou mãe deve assumir a responsabilidade e a autoridade que Deus lhes deu para educar e amar os seus filhos e entender que ninguém melhor do que eles poderá fazer isso. Se não assumirem esse papel, outras pessoas, instituições, ‘amigos’ e até o mundo farão isso por eles. Eles devem se conscientizar de que estamos vivendo dias difíceis e trabalhosos e que não faltam por aí, inclusive nas mídias sociais, pessoas querendo dar maus conselhos e influenciar seus filhos a um caminho que os levará para bem longe de Deus”, conclui o Bispo Sidnei.