Empatia: a palavra mais vazia do nosso tempo
Falar de empatia virou moda, mas será que esse discurso raso corresponde ao que a Bíblia realmente ensina?
Vivemos em uma era saturada de hashtags, na qual palavras bonitas se tornaram produtos de consumo. Poucas, porém, aparecem tanto quanto “empatia”. Usada frequentemente no mundo digital, ela reina absoluta em comentários rápidos, emojis de abraço, legendas motivacionais e frases exaustivamente compartilhadas. As redes sociais se transformaram em vitrines empáticas, em que todos podem parecer bons ou, ao menos, parecer que se importam.
Embora possa conter boas intenções, ser bem-aceita, politicamente correta e pouco questionada, essa empatia performática raramente alcança quem sofre, tampouco supre a dor espiritual.
Embalada em solidariedade e amor fraternal, a palavra aparece em pautas e bandeiras diversas, mas, por mais que pareça promover um mundo mais sensível, quanto mais repetida, mais vazia se torna e se reduz a mero adereço de marketing.
O PRÓXIMO
Na Parábola do Bom Samaritano, o Senhor Jesus revela o verdadeiro significado de empatia: “… Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas certo samaritano, viajando, veio até ele e, vendo-o, foi movido de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.” (Lucas 10:30-37)
A LIÇÃO É CLARA
Enquanto o sacerdote e o levita ignoraram o homem espancado à beira do caminho, foi justamente um samaritano – desprezado na época – quem se compadeceu. Ele não apenas “sentiu” a dor, mas sujou as mãos, investiu tempo, dinheiro e cuidado, o que garantiu que aquele homem tivesse uma nova chance.
A lição é clara: a empatia bíblica não se limita a notar a dor alheia, mas exige atitude. Ela caminha a segunda milha em silêncio e desafia o indivíduo a sair do papel de espectador, em vez de performar para plateias digitais.
AMOR, BONDADE, MANSIDÃO
A verdadeira empatia nasce do fruto do Espírito, que une amor, bondade e mansidão (Gálatas 5:22-23). Ela se manifesta em gestos diários, quase sempre anônimos, que refletem o caráter de Deus.
Em Isaías 61:1-2, o profeta também reforça essa visão: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, proclamar liberdade aos cativos e abertura de prisão aos presos; (…) a consolar todos os tristes.” Esse é o comportamento de quem compreende a empatia sob a perspectiva divina.
Durante o programa Inteligência e Fé, da Rede Aleluia, o Bispo Renato Cardoso destacou que a Bíblia não nos ensina a agir com empatia, mas com compaixão. “Compaixão é fazer algo pela pessoa que está sofrendo, enquanto a empatia só faz você se sentir bem”, explicou.
Além disso, em Tiago 2:14, o apóstolo alerta: “De que aproveitará, irmãos, se alguém disser que tem fé e não tiver as obras?” Ou seja, a fé é provada por meio de atitudes.
“O QUE AS MINHAS MÃOS FIZERAM HOJE?”
Portanto a pergunta que realmente precisamos nos fazer diariamente não é “Demonstrei empatia hoje?”, mas “O que as minhas mãos fizeram hoje por quem sofre?” O mundo precisa de uma empatia genuína, que é mostrada quando se vai às ruas em busca dos sofridos, ao ficar do lado de quem ocupa os leitos dos hospitais, ao se aproximar do desprezado, do esquecido, do espiritualmente sedento, e não ao se transmitir palavras de conforto, mas a Palavra que salva.
Essa empatia bíblica não perpetua a dependência social nem alimenta vaidades. Ela alivia a dor do outro e reflete o maior ato de compaixão que já foi demonstrado: o de Jesus Cristo na cruz.
Num século saturado de empatia rasa, imitar a que foi ensinada e praticada pelo Senhor Jesus é o que de fato pode resgatar e transformar vidas.
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