Como exercer influências positivas nos adolescentes?

Durante a adolescência, os filhos são mais influenciados pelas opiniões de amigos. Saiba o que os pais podem fazer para ajudá-los a enfrentar esta fase

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A adolescência é um período de muitas mudanças. Nesta fase, os adolescentes buscam se diferenciar dos pais e formar a própria identidade. Em meio à ebulição dos hormônios e às transformações do corpo, eles precisam lidar com o desenvolvimento da autonomia e com a busca por seu lugar no mundo. Essa época também costuma ser marcada por conflitos com os pais e por maior propensão à influência de amigos. Por que isso acontece?

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Segundo a psicóloga clínica Thalita Martignoni, o cérebro do adolescente ainda está em desenvolvimento. Isso explica, por exemplo, certas atitudes arriscadas que eles assumem. “A juventude é um período de refinamento do cérebro. Nessa fase, ocorre o amadurecimento do córtex pré-frontal, área responsável pelo planejamento e pela autocrítica. O cérebro dos jovens só está igual ao de um adulto depois dos 25 anos. Por isso, eles não têm muita noção do perigo e têm dificuldade para pensar no futuro”, esclarece.

Na tentativa de se diferenciar dos pais, muitos acabam ficando mais abertos às opiniões de amigos do que às da família. “O principal desafio do adolescente é se tornar autônomo e ter uma identidade própria. Eles estão preocupados em pertencer a um grupo e podem ser mais influencidos”, diz Thalita.

Desafios
Como evitar que os adolescentes cedam às influências negativas? O médico e psicólogo Roberto Debski explica que os pais devem equilibrar a busca de diferenciação do jovem com a definição de limites. “O jovem deseja ter a própria identidade e por isso busca afinidades com grupos de sua faixa etária. Em alguns casos, ele pode se submeter a riscos, como começar a consumir álcool. Então, é tarefa dos pais dialogar e definir limites, apresentando ao filho seus deveres e responsabilidades.” Segundo ele, é função dos pais e responsáveis prepará-lo para os desafios da vida adulta. “As famílias precisam educar o jovem para que desenvolva sua autonomia.”

Thalita diz que o diálogo é fundamental nessa fase. “Os pais devem buscar um equilíbrio para evitar o autoritarismo ou a permissividade sem limites. É importante participar da vida dos filhos, orientá-los e também dar espaço para que eles pouco a pouco exerçam suas escolhas”, orienta.

Rebeldia
Neide dos Santos Leuterio, de 45 anos, conta que ficou preocupada quando o filho Arthur, de 13 anos, começou a apresentar comportamentos diferentes dos ensinamentos que ela havia lhe dado. “Aos 11 anos ele falava palavrão e estava sendo influenciado pelos colegas da escola, que o convidavam a ir a lugares que não eram adequados”, recorda.

Para aproximar o filho de seus valores e estimulá-lo a fazer parte de um grupo, ela o incentivou a participar do Força Teen Universal (FTU). “No início eu não queria ir para o grupo. Eu falava palavrão, mentia, pecava”, lembra Arthur.

Em pouco mais de dois anos, Neide diz que o filho mudou: “ele passou a ter mais compromisso. Hoje está na presença de Deus e gosta de participar das atividades do grupo, como o futebol. É uma bênção”, comemora. “Eu recebi o Espírito Santo e hoje tenho domínio próprio e uma alegria imensa. Não me deixo influenciar”, diz Arthur.

O Pastor Alberto Ferreira, responsável pelo trabalho da Força Teen Universal (FTU), lembra que os jovens estão abertos a todo tipo de influência. “Quando entra na adolescência, a pressão da sociedade acaba levando o adolescente a ser influenciado por amigos. Para se adequar ao meio, ele muda a forma de se vestir, passa a ver filmes e até a querer comer só o que os amigos apresentam como modelo.”

Para ele, a aproximação entre pais e filhos é o melhor caminho. “Os pais devem procurar ser amigos dos adolescentes e estabelecer um laço de companheirismo, respeito, comunicação e diálogo aberto, ensinando não somente com palavras, mas com exemplos.”

O Pastor Alberto destaca que o FTU ajuda os adolescentes a enfrentarem os desafios desse período. “Eles aprendem princípios, caráter e maturidade, além de lidar com as mudanças. No FTU, ensinamos que um Teen Hero (Adolescente Herói) é aquele que supera a si mesmo e a todas as situações sem precisar de vício, games, ser popular ou um modelo de adolescente para ser feliz.”

Em todo o Brasil, o FTU recebe cerca de 320 mil adolescentes todos os meses e oferece diversas atividades, como auxílio espiritual e projetos de arte e educação.

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Colaborador

Rê Campbell / Fotos: Demetrio Koch