Cloroquina: Se Bolsonaro é a favor, somos contra?

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Há uma grande polêmica em torno da eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina, derivados da substância conhecida como quinino, há séculos usada contra doenças como a malária e o lupus. Enquanto alguns a defendem como tratamento para a Covid-19, outros afirmam que não funciona e que é apenas oportunismo de quem quer lucrar com a pandemia que atinge todo o planeta.

Como analisar essa questão, já que o surto do novo coronavírus atinge a todos, independentemente de origem, raça, credo, instrução ou situação econômica? Sim, é preciso pensar sobre a realidade que nos cerca, com base em informações dignas de crédito, confrontando-as com fake news (notícias falsas) e opiniões de quem não é especialista em nada relacionado ao assunto. Ter acesso à informação é um privilégio que deve ser exercido com responsabilidade na hora de escolher o que se lê, assiste ou ouve.

Paolo Zanotto, virologista e professor do departamento de microbiologia da Universidade de São Paulo (USP), disse em entrevista ao programa Entrelinhas que a ciência comprova a eficiência da hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus. Essa defesa do remédio tem rendido ao especialista uma série de críticas negativas e ataques da mídia.

Zanotto considera que o uso da hidroxicloroquina, substância barata e acessível, desafogaria a ocupação de leitos no sistema de saúde público e privado, inclusive nas unidades de tratamento intensivo (UTIs), em constante risco de lotação e insuficiência desde que a pandemia começou.

Para o virologista, há uma questão evidente: as mesmas autoridades, de administrações anteriores, consideravam a hidroxicloroquina eficiente, mas agora, como a atual presidência é otimista em relação ao remédio, oportunamente surgem os que discordam. Ou seja, “se Bolsonaro é a favor, somos contra”. Zanotto usa a palavra hipocrisia, bem aplicada, para definir os politiqueiros que atacam o uso da substância só para desacreditar o atual presidente, gerar polêmica e lançar dúvidas na população. “Estão transformando cadáveres em palanque político”, diz Zanotto, pois quem faz a politicagem de oposição não liga nem sequer para as vidas dos brasileiros.

O especialista entrevistado pelo Entrelinhas deixa claro que a cloroquina é comprovadamente eficiente para casos leves da Covid-19, quando ela ainda está no começo, impedindo a piora do paciente e não ocasionando a superlotação de leitos, mas a imprensa ligada aos interesses dos que lucram com a morte usa os dados científicos de pesquisas que falam da ineficiência da substância em casos tardios da doença.

A cloroquina é barata, enquanto outros medicamentos e equipamentos têm preço elevado. Além disso, outros medicamentos mais caros geram mais lucro para as empresas farmacêuticas. O tratamento com o Remdesivir, antiviral desenvolvido por uma indústria norte-americana, custa cerca de R$ 30 mil, enquanto tratar uma pessoa com a cloroquina custa em média R$ 40. Novamente a ganância e a corrupção enchendo os bolsos de alguns ao preço de centenas e milhares de mortes.

Com a população fragilizada é mais fácil dominá-la e plantar em suas mentes a ideia de que esses mesmos interesseiros serão os salvadores da pátria – tática bem famosa das administrações brasileiras anteriores que atiraram o Brasil no abismo da recessão para permanecerem no poder, corroendo as estruturas da educação, das forças militares, dos órgãos de segurança, da própria medicina, enquanto os dirigentes corruptos e empresas desonestas enchiam os bolsos a olhos vistos, embora neguem esse crime, vendendo uma imagem de “santidade” engolida por parte do público que finge se importar com o povo e por outra que não questiona nada.

Assim como a fé usada sem inteligência não funciona, a cidadania também. O povo não pode ser dominado quando usa a cabeça e pensa no verdadeiro bem de todos.

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Colaborador

Redação / Foto: Getty Images